|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Assinatura de Dimas é reconhecida
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
A assinatura do ex-presidente e
ex-diretor de Furnas Dimas Fabiano Toledo foi "reconhecida
por semelhança" pelo 15º Ofício
de Notas, no Rio, no documento
intitulado "lista de Furnas", também autenticado em comparação
com o original pelo 4º Ofício de
Notas do Rio. Segundo Luiz Melo
Serra, juiz-auxiliar da Corregedoria do Tribunal de Justiça, o reconhecimento de firma por cartório
significa que, a princípio, a assinatura pertence a Dimas Toledo.
Os dois cartórios confirmaram
à Folha ter ratificado o documento, que reúne nomes de 156 políticos supostamente beneficiados
pelo caixa dois da estatal na eleição de 2002, e está sob investigação da Polícia Federal sob suspeita de autenticidade. Dimas Toledo nega ter assinado a lista.
Segundo o 15º Ofício, o delegado federal Pedro Alves Ribeiro esteve lá nesta semana para atestar
se o selo IOI 056609 e a etiqueta de
reconhecimento de firma haviam
sido expedidas pelo cartório ou
eram falsificadas. Foram emitidas
em 5 de agosto de 2005.
A PF também enviou representante, ao lado de funcionário da
Receita Federal, ao 4º Ofício, com
objetivo semelhante. O escrevente
Fábio Guimarães Belo usou os selos da série DQO 51836 a 51840
para autenticar cinco páginas do
documento no dia 22 de setembro
do ano passado, confirmou o cartório. Furnas foi cliente mensalista do cartório, informou o tabelião Hamilton Barros.
Os cartórios dizem só autenticar
e reconhecer firmas de documentos originais, procedimento que
dizem ter repetido neste caso.
Não é avaliado o conteúdo do documento nem guardada cópia. O
reconhecimento da assinatura de
Dimas se deu pelo processo de
"semelhança", não pelo de "autenticidade", que exige a presença
do signatário. Neste caso, qualquer pessoa pode ter levado os papéis. O ex-dirigente de Furnas
tem firma em ambos os cartórios.
Os escreventes explicaram que
quando há dúvida sobre a firma
consultam outros colegas. A verificação é feita em tela de computador, onde o cartão com duas assinaturas está digitalizado. Uma
operação como essa custa R$ 3,88.
"Não reconhecemos cópia, nem
entramos no mérito de documento", explica o assessor jurídico do
4º, Antonio Pereira Leitão. O tabelião Hamilton Barros informou
que procede da mesma forma.
Para evitar fraudes, ele conta que
oferece aos clientes até o serviço
de fotocópia gratuito no cartório.
O juiz-auxiliar da Corregedoria
Luiz Melo Serra informou que vai
fazer uma "averiguação interna"
para identificar eventuais falhas
cartorárias. Ele diz, porém, que os
dois cartórios são "muito grandes, tem pessoal qualificado e notários ciosos de suas atividades".
Texto Anterior: Pefelista diz que quer processar autor de lista Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/O marqueteiro: Duda nega novas contas e diz ser vítima Índice
|