São Paulo, sábado, 03 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Alvos de CPI, ex-deputados ganham cargos

Sem se eleger, 3 acusados por esquema dos sanguessugas trabalharão para governo de MT e prefeituras

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Ex-deputados federais acusados de ligação com a máfia dos sanguessugas, que não conseguiram se reeleger em outubro, obtiveram nomeações para cargos públicos.
Ricarte de Freitas Júnior (PTB-MT) assumirá o escritório de representação do governo de Mato Grosso em Brasília. Ele afirmou ontem que aceitou o convite do governador Blairo Maggi (PR) durante reunião nesta semana da qual participou o ministro petebista Walfrido Mares Guia (Turismo).
João Grandão (PT-MS) será assessor especial do petista Laerte Tetila, prefeito de Dourados, a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.
Celcita Pinheiro (PLF-MT) assumiu ontem o cargo de secretária municipal de Assistência Social de Cuiabá.
Grandão e Celcita foram indiciados pela Polícia Federal por ligação com a máfia dos sanguessugas. Ricarte foi acusado pela CPI que apurou o esquema das ambulâncias.
As acusações contra os ex-deputados estão no relatório da CPI dos Sanguessugas. O chefe do esquema, o empresário Luiz Antonio Vedoin, afirmou à Justiça Federal e à CPI que pagava propina a deputados em troca da apresentação de emendas ao Orçamento da União para a compra de ambulâncias.
Vedoin afirma que Ricarte devia R$ 279.393 ao esquema por pagamento adiantado de propina. "Não fui indiciado. Acredito até que vou ser, pois todos estão sendo. Até hoje não fui chamado pela PF. Apresentei minha defesa à CPI e ao Conselho de Ética, mas não fui ouvido. Não existe nenhuma prova concreta contra mim. Absolutamente nada", afirmou o ex-deputado à Folha.
O governador Blairo Maggi afirmou, via assessoria, que cada acusado responderá por seus atos na Justiça.
Por uma emenda de R$ 560 mil do petista João Grandão, Vedoin diz ter pago R$ 25 mil, por meio de depósitos na conta de dois ex-assessores.
O petista nega. Afirma que um dos beneficiados com o depósito nunca foi seu assessor, e diz desconhecer que o outro possa ter recebido dinheiro.
Na quinta-feira, o prefeito Tetila disse, ao anunciar que Grandão será seu assessor especial, que "é admirável o volume de recursos federais que vieram para Dourados através de João Grandão". "Para que esse trabalho tenha continuidade, Grandão deve assumir a pasta", completou.
Ainda conforme Vedoin, Celcita Pinheiro recebeu R$ 50 mil em dois cheques para a campanha eleitoral. "Ficou acertado que a ajuda financeira seria reembolsada pela parlamentar mediante o compromisso de apresentar emendas", disse Vedoin à CPI.
Celcita nega ligação com o esquema. Ela diz que vai provar a inocência na Justiça.
O prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB), afirmou que a indicação de Celcita foi de sua "cota particular", que o Conselho de Ética inocentou a ex-deputada e que caberá à Justiça julgar a ex-parlamentar.


Texto Anterior: Lula muda foco de discurso, do social à economia
Próximo Texto: Nem vitória de Renan dá folga ao governo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.