São Paulo, sábado, 03 de fevereiro de 2007

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Nem vitória de Renan dá folga ao governo

Apesar do triunfo com ampla margem, senadores da base e oposição dizem que resultado não deve se refletir na votação de matérias

"Esse resultado representa a satisfação com Renan. Já para a votação de matérias, cada voto tem que ser conquistado", afirma Jucá


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da reeleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) para a presidência do Senado com ampla margem de segurança, senadores da base aliada e da oposição afirmam que esse resultado não deve se refletir na votação de matérias no plenário da Casa, onde a correlação de forças continua equilibrada.
Apoiado pelo governo, Renan derrotou o candidato da oposição, senador José Agripino (PFL-RN), por 51 a 28. Esse placar é suficiente para aprovar propostas de emenda constitucional, que exigem o apoio de 60% da Casa, ou seja, 49 votos.
"Esse resultado representa a satisfação com Renan. Já para a votação de matérias, cada voto tem que ser conquistado de acordo com o mérito. Na própria base aliada costuma haver votos contrários", disse o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR).
As traições de senadores do PSDB e do PFL na votação secreta foram decisivas para a reeleição de Renan. Entre os motivos estavam o interesse por cargos da Mesa Diretora, presidências de comissões e disputas internas nos partidos.
Agripino acusou ainda o Palácio do Planalto de ter operado para a conquista de votos para o peemedebista. A oposição acusa o governo de liberar emendas parlamentares ao Orçamento e de oferecer cargos públicos em troca de votos.
"Não convém ao governo se iludir quanto aos números. A eleição não foi do governo contra a oposição, mas sim o choque entre duas personalidades do Congresso", disse o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).
As bancadas do PSDB e do PFL possuem 30 senadores e a tendência é que eles fiquem unidos na apreciação de matérias, quando o voto é aberto.
No PMDB há um grupo de seis senadores independentes, liderados por Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que se dividiram na eleição da presidência do Senado mas devem ficar unidos na oposição ao Planalto.
O mesmo acontece com o PDT. Dos quatro senadores do partido, três costumam ter atuação independente. Eles votaram em Renan em troca da Comissão de Educação.
Há ainda o senador do PSOL, José Nery (PA), que foi orientado pelo partido a votar em branco na disputa entre Renan e Agripino, mas deve votar contra os projetos do governo.
A oposição vai ganhar mais um integrante, o senador Almeida Lima (SE), que está trocando o PMDB pelo PPS.
Já o senador Romeu Tuma (PFL-SP) deve ir para o PMDB. Segundo tucanos e pefelistas, ele queria o compromisso de seu partido que Guilherme Afif Domingos não será candidato ao Senado em 2010. Ele quase derrotou Eduardo Suplicy (PT-SP) na última eleição.
Apesar de ser aliado do governo, Renan possui um bom trânsito com a oposição na Casa e buscou agradar PSDB e PFL nos últimos dois anos. Além da preocupação com a condução dos trabalhos, o presidente do Senado é grato à oposição por tê-lo apoiado em sua primeira eleição. Nessa época o Planalto tentou reeleger José Sarney (PMDB-AP).
(FERNANDA KRAKOVICS)


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