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Nem vitória de Renan dá folga ao governo
Apesar do triunfo com ampla margem, senadores da base e oposição dizem que resultado não deve se refletir na votação de matérias
"Esse resultado representa a satisfação com Renan. Já para a votação de matérias, cada voto tem que ser conquistado", afirma Jucá
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da reeleição de Renan
Calheiros (PMDB-AL) para a
presidência do Senado com
ampla margem de segurança,
senadores da base aliada e da
oposição afirmam que esse resultado não deve se refletir na
votação de matérias no plenário da Casa, onde a correlação
de forças continua equilibrada.
Apoiado pelo governo, Renan
derrotou o candidato da oposição, senador José Agripino
(PFL-RN), por 51 a 28. Esse
placar é suficiente para aprovar
propostas de emenda constitucional, que exigem o apoio de
60% da Casa, ou seja, 49 votos.
"Esse resultado representa a
satisfação com Renan. Já para a
votação de matérias, cada voto
tem que ser conquistado de
acordo com o mérito. Na própria base aliada costuma haver
votos contrários", disse o líder
do governo, senador Romero
Jucá (PMDB-RR).
As traições de senadores do
PSDB e do PFL na votação secreta foram decisivas para a
reeleição de Renan. Entre os
motivos estavam o interesse
por cargos da Mesa Diretora,
presidências de comissões e
disputas internas nos partidos.
Agripino acusou ainda o Palácio do Planalto de ter operado
para a conquista de votos para o
peemedebista. A oposição acusa o governo de liberar emendas parlamentares ao Orçamento e de oferecer cargos públicos em troca de votos.
"Não convém ao governo se
iludir quanto aos números. A
eleição não foi do governo contra a oposição, mas sim o choque entre duas personalidades
do Congresso", disse o líder do
PSDB, Arthur Virgílio (AM).
As bancadas do PSDB e do
PFL possuem 30 senadores e a
tendência é que eles fiquem
unidos na apreciação de matérias, quando o voto é aberto.
No PMDB há um grupo de
seis senadores independentes,
liderados por Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que se dividiram na eleição da presidência
do Senado mas devem ficar
unidos na oposição ao Planalto.
O mesmo acontece com o
PDT. Dos quatro senadores do
partido, três costumam ter
atuação independente. Eles votaram em Renan em troca da
Comissão de Educação.
Há ainda o senador do PSOL,
José Nery (PA), que foi orientado pelo partido a votar em
branco na disputa entre Renan
e Agripino, mas deve votar contra os projetos do governo.
A oposição vai ganhar mais
um integrante, o senador Almeida Lima (SE), que está trocando o PMDB pelo PPS.
Já o senador Romeu Tuma
(PFL-SP) deve ir para o PMDB.
Segundo tucanos e pefelistas,
ele queria o compromisso de
seu partido que Guilherme Afif
Domingos não será candidato
ao Senado em 2010. Ele quase
derrotou Eduardo Suplicy (PT-SP) na última eleição.
Apesar de ser aliado do governo, Renan possui um bom
trânsito com a oposição na Casa e buscou agradar PSDB e
PFL nos últimos dois anos.
Além da preocupação com a
condução dos trabalhos, o presidente do Senado é grato à
oposição por tê-lo apoiado em
sua primeira eleição. Nessa
época o Planalto tentou reeleger José Sarney (PMDB-AP).
(FERNANDA KRAKOVICS)
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