|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Prefeitos indicam áreas a serem atendidas e depois pegam carona nas inaugurações
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em 15 de dezembro do ano
passado, a cidade de Paulistana
(PI), 440 km ao sul de Teresina,
recebeu a visita de autoridades
estaduais e federais e um show
do deputado forrozeiro Frank
Aguiar (PTB-SP) para 20 mil
pessoas na praça central.
A festa tinha dupla razão: comemorar o aniversário de 69
anos do município e a inauguração de um pacote de obras,
entre as quais se destacava uma
do Luz para Todos, atingindo
5.840 pessoas na zona rural.
Da capital do Estado vieram
o governador Wellington Dias
(PT), o senador João Vicente
Claudino (PTB) e o deputado
federal Osmar Junior (PC do
B), todos da base de Lula. O presidente nacional da Funasa
(Fundação Nacional de Saúde),
Danilo Forte, ligado ao PMDB,
representou o governo federal.
Três dias depois, num outro
ponto do semi-árido piauiense,
uma inauguração parecida parou a cidade de Geminiano
(330 km ao sul de Teresina),
com 6.000 habitantes, 90% deles na zona rural. Foram 126 casas com iluminação nova, além
de dois clubes e uma casa de farinha. O interruptor foi acionado pelo governador e pelo prefeito, Tony Borges (PMDB).
Houve um toque ecumênico:
simultaneamente, uma igreja
católica e um templo evangélico receberam eletricidade.
Eventos como esses ocorrem
ao ritmo de meia dúzia por mês,
e devem aumentar em 2008. O
Luz para Todos é federal, mas
prefeitos e governadores não
fazem cerimônia em pegar carona política nas inaugurações.
O Ministério de Minas e
Energia reluta em dividir o crédito. No manual explicativo do
programa, a seção de perguntas
e respostas inclui a questão: "O
prefeito da minha cidade disse
que foi ele quem levou o programa Luz para Todos até a comunidade. É verdade?"
A resposta da pasta é exclamativa: "Não! O programa não
é de prefeito, vereador, deputado ou mesmo do governador.O
Luz para Todos é um programa
do governo federal".
Os prefeitos dizem que têm
papel importante, apesar de
não entrarem com nenhum
centavo no projeto. "A obra é
do governo federal, mas o que
nós dizemos é que fomos atrás,
que lutamos por essa obra. Isso
temos o direito de fazer", diz o
prefeito de Paulistana, Luís
Coelho (PMDB), que disputará
a reeleição em outubro. No dia
da inauguração, a prefeitura
distribuiu panfletos chamando
a população para o evento.
São os prefeitos que levantam os locais a serem atendidos. "O papel do prefeito é fazer
o projeto, o levantamento topográfico, dar entrada na papelada. Ou seja, fazer todos os encaminhamentos", afirma Borges.
Cada obra do Luz para Todos
ganha sua placa padronizada
do governo. Um manual do Ministério de Minas e Energia diz
que, para localidades que têm
até 250 pessoas beneficiadas, a
placa deve ter 1,5 metro de
comprimento por 1 metro de
altura, colocada "se possível
junto a um consumidor beneficiado". Para comunidades mais
numerosas, o tamanho é "médio", de 3 metros por 2 metros.
Na entrada do município, a
placa precisa ser "grande": 4
metros por 3 metros. Em todas
tem de constar o valor da obra,
a logomarca do governo do Estado e o slogan da administração federal: "Brasil, um país de
todos".
"Existe um sistema de identificação da obra, por uma questão até de auditoria. Até para se
alguma coisa estiver errada, saber a quem procurar", diz o secretário nacional de Energia
Elétrica, Ronaldo Schuck.
(FZ)
Texto Anterior: Ministério diz que programa não tem influência de eleição Próximo Texto: Frase Índice
|