São Paulo, terça-feira, 03 de fevereiro de 2009

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Painel

RANIER BRAGON (interino) - painel@uol.com.br

O "Dilmo" da Dilma

Assegurados os postos de comando no Congresso, o PMDB se concentra agora em 2010. Expoentes da legenda já explicitam caminhos que pretendem trilhar, embora tudo possa mudar, a depender do impacto da crise no governo Lula. O ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), por exemplo, soltou-se anteontem em jantar com peemedebistas.
"Quero ser o "Dilmo" da Dilma", disse, segundo relato de Fernando Diniz (MG). Registre-se que o posto de vice na chapa de Dilma Rousseff é almejado por outros tantos peemedebistas. Tenso com a disputa na Câmara, Geddel participou ontem da reunião ministerial, mas não largava o telefone: monitorava o passo a passo da eleição com Eliseu Padilha (PMDB-RS).




Saldo. Lideranças do PT fizeram uma reunião informal ontem, após os resultados, para discutir o poder de fogo do PMDB no "novo" Congresso. Avaliaram que haverá a cobrança de uma fatura maior ainda devido ao "desgaste" causado pela campanha contra José Sarney (PMDB-AP) e que é preciso atenção com a "independência" de Michel Temer (PMDB-SP), próximo de José Serra (PSDB-SP).

Xerife. O novo corregedor da Câmara, Edmar Moreira (DEM-MG), se destacou no escândalo do mensalão por votos contrários que deu, no Conselho de Ética, à cassação de acusados. Ele apoiou a absolvição de João Paulo Cunha (PT-SP), Wanderval santos (PR-SP), Pedro Henry (PP-MT), Professor Luizinho (PT-SP) e Roberto Brant (DEM-MG). Moreira abandonou o conselho depois que foi derrubado seu relatório favorável a José Mentor (PT-SP).

Prato frio. A derrota de Vic Pires (DEM-PA) para a corregedoria teve o dedo do PT, que não esquece ter sido ele o relator da emenda que instituiu a reeleição em 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso.

Prioridades. Mal havia sido proclamado o resultado na Câmara, uma série de suplentes de vereador já pressionava para que a nova Mesa vote a emenda que amplia o número de vagas nas Câmaras Municipais, objeto de polêmica no final da legislatura passada. Ovacionado pelas galerias, Vilson Covatti (PP-RS) vocalizou o pleito no plenário.

Com raiva. O PC do B está chamando uma reunião com PSB, PDT, PRB e PMN. Quer discutir a formação de um programa e candidatos para 2010, forma de tentar manter vivo o "bloquinho", que respira por aparelhos.

Camarote. Ex-governador de Sergipe, João Alves (DEM), que acabou enrolado com a Operação Navalha da PF, pajeou a mulher, senadora Maria do Carmo (DEM), na votação do Senado. Avançada a sessão, ele procurou um garçom: "Tem como providenciar um suco de goiaba para o "primeiro-damo" aqui"?

Resgate. Diante da demora de José Nery (PSOL-PA), voto certo em Tião Viana (PT-AC), para pousar em Brasília, Eduardo Suplicy (PT-SP) se mobilizou para monitorar o jatinho que trazia o paraense. Informado de que havia excesso de tráfego aéreo, o petista se exaltou: "Algo acontece na torre! Alguém está pedindo à torre que ele não pouse"!

Ira. Apesar da nota de apoio do PT a Tarso Genro (Justiça) no caso Cesare Battisti, sobraram críticas ao ministro na reunião de anteontem da bancada. Deputados atacaram a Polícia Federal por não ter protegido o dirigente Manoel Mattos, assassinado há alguns dias em Pernambuco.

Ideias. O "pacto republicano" a ser assinado pela cúpula dos três Poderes incluirá projeto de lei autorizando o governo a fazer acordos em ação de cobrança de imposto, mesmo no meio do processo. Outra proposta, para aliviar o sistema carcerário, obrigaria juízes a justificar por que deram sentença de prisão e não de pena alternativa.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"A eleição no Congresso consagrou, enfim, o terceiro mandato. Do Sarney e do Temer."

Do deputado CHICO ALENCAR (PSOL-RJ), criticando a eleição de Michel Temer (PMDB-SP) e José Sarney (PMDB-AP), que já ocuparam por duas vezes, cada um, o cargo conquistado ontem.

Contraponto

Casa Branca

Na reta final do processo de votação para a escolha do presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC) recorreu em sua fala a frases que consagraram o discurso "de esperança" da campanha do presidente americano Barack Obama. Meia hora depois, já proclamada a vitória de José Sarney (PMDB-AP), o petista voltou à tribuna para agradecer pelos votos recebidos e desejar êxito ao colega.
No plenário, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), acompanhava o segundo discurso e comentou com Demóstenes Torres (DEM-GO):
-É ou não é o nosso McCain?-, ironizou, em referência ao candidato republicano derrotado nos EUA.


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