São Paulo, quarta-feira, 03 de fevereiro de 2010

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Após retomar Câmara do DF, Arruda afirma que "toda crise passa"

Aliado do governador assume presidência da Casa e conduzirá pedidos de impeachment no plenário

FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No dia que em José Arruda (sem partido) conseguiu colocar um aliado na presidência da Câmara Legislativa do DF (que julgará seus pedidos de impeachment), o governador, em mensagem a deputados, disse que "toda crise passa".
Aos deputados distritais, Arruda disse que a prioridade é concluir o governo - enquanto no Legislativo a principal pauta do ano é justamente votar os pedidos de impeachment. Por fim, o governador afirmou que pretende concluir as obras iniciadas. "É assim que levanto a cabeça e vislumbro o fim do meu governo e da minha vida pública", escreveu.
No texto enviado ao Legislativo na primeira sessão ordinária do ano, Arruda disse que "desistiu de guerrear pelo poder". Na carta, ele afirma que aprendeu em 2009. "A dor das denúncias massacra, mas elas serão esclarecidas no seu tempo", escreveu o governador.
Para poder terminar o ano de "cabeça erguida", Arruda terá que contar com o apoio dos deputados distritais que analisarão o pedido de impeachment. Ontem, a base aliada de Arruda elegeu por 15 votos a 7 o deputado Wilson Lima (PR) para presidir a Câmara em 2010.
O candidato derrotado foi o petista Cabo Patrício. Segundo o deputado, "a Câmara não pode ser puxadinho do governo".
Lima será o responsável por conduzir os pedidos de impeachment no plenário, além de determinar como será o trabalho dos suplentes dos oito deputados afastados pela Justiça, acusados de receber propina do mensalão do DEM.
Aliado de Arruda, Lima confessou que conversou com o governador diversas vezes durante a crise, mas nega que tenha ocorrido uma intervenção do Executivo. "Minha candidatura foi um consenso", afirmou.
Ele e a Mesa Diretora recorreram ontem da decisão judicial que afastou oito deputados.

Trâmite
A primeira etapa do pedido de impeachment contra Arruda será na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Ontem, os deputados definiram a nova composição, após a Justiça do DF ter dissolvido a comissão. No lugar da deputada Eurides Brito (PMDB), filmada colocando dinheiro na bolsa, entra Bispo Renato (PR) -mais um aliado do governador.
Dos cinco membros da CCJ, apenas um é da oposição. O relator da CCJ e líder do governo, Batista das Cooperativas (PRP), já tinha os pareceres prontos. O aliado de Arruda, entretanto, decidiu recomeçar os trabalhos e terá até 30 dias úteis para entregar o relatório.
"A Justiça anulou a composição da CCJ e terei que recomeçar meus trabalhos do zero", afirmou o líder do governo.
Do lado de fora da Câmara, mais de cem pessoas protestaram pela permanência do governador aos gritos de "fica, Arruda". Cerca de 20 manifestantes do "Fora, Arruda" foram à Casa, mas decidiram ir embora sob a escolta da polícia.


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