São Paulo, sexta-feira, 03 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CASO SANTO ANDRÉ

Para irmãos de prefeito assassinado, acirramento da disputa presidencial pode agravar ameaças de morte que dizem ter recebido

Família Daniel diz temer uso político de crime

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A proximidade com a eleição presidencial deste ano aumentou o medo de familiares de Celso Daniel (PT), prefeito morto de Santo André, de permanecer no Brasil. Já embarcaram para o exterior o irmão caçula do petista, Bruno Daniel, a mulher dele e os três filhos do casal. Uma sobrinha deverá viajar nos próximos dias.
Bruno e o irmão João Francisco -que denunciaram ligação do assassinato com um suposto esquema de coleta de propina na Prefeitura de Santo André para favorecer o PT- disseram que receberam ameaças de morte.
O inevitável acirramento entre PT e PSDB na disputa presidencial é visto como um fator "complicador" pela família, que teme o uso político do crime e o recrudescimento das ameaças.
Segundo familiares, o uso eleitoral ficou evidenciado no bate-boca entre o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que acusou correligionários do PT pelo assassinato de Daniel.
"A eleição é um complicador. Não queremos ser usados politicamente por ninguém", afirmou João Francisco.

Governo de SP
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou ontem, em nota, que deu toda a assistência necessária à família de Bruno Daniel. Informou, porém, que desconhecia as recentes ameaças de morte feitas contra familiares de Celso Daniel.
"Em 21 de novembro, Bruno Daniel registrou um termo de declaração, na 3ª Delegacia de Proteção à Pessoa, sobre ameaças que sofreu. O DHPP [Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa, da Polícia Civil] está monitorando e, até o momento, passados cinco meses, não houve mais nenhuma ameaça."
A secretaria disse que forneceu proteção policial a Bruno e à mulher dele, Marilena, entre os dias 2 de novembro e 12 de dezembro de 2005, quando o irmão do prefeito solicitou o cancelamento da escolta porque ia para o exterior.
O órgão informou também que Bruno pediu a extensão da escolta a um dos filhos em janeiro de 2006 e foi "prontamente atendido". "A escolta continua à disposição da família, bastando que seja solicitada."

Falso seqüestro
Em janeiro deste ano, Marilena, mulher de Bruno, recebeu um telefonema de um homem, que não se identificou, dizendo que um dos sobrinhos dela havia sido seqüestrado e iria ser morto. Minutos depois, ela descobriu que nada havia acontecido com o garoto.
A notícia desse falso seqüestro, disse a família, aconteceu no mesmo período em que outras ameaças foram feitas.
Segundo Bruno e João Francisco, as intimidações começaram a chegar pouco depois do depoimento de ambos, em 26 de outubro, à CPI dos Bingos.
Na ocasião, os irmãos reafirmaram a convicção de que o crime está relacionado a um esquema de corrupção montado na prefeitura da cidade.


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