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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CASO SANTO ANDRÉ
Para irmãos de prefeito assassinado, acirramento da disputa presidencial pode agravar ameaças de morte que dizem ter recebido
Família Daniel diz temer uso político de crime
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A proximidade com a eleição
presidencial deste ano aumentou
o medo de familiares de Celso Daniel (PT), prefeito morto de Santo
André, de permanecer no Brasil.
Já embarcaram para o exterior o
irmão caçula do petista, Bruno
Daniel, a mulher dele e os três filhos do casal. Uma sobrinha deverá viajar nos próximos dias.
Bruno e o irmão João Francisco
-que denunciaram ligação do
assassinato com um suposto esquema de coleta de propina na
Prefeitura de Santo André para
favorecer o PT- disseram que
receberam ameaças de morte.
O inevitável acirramento entre
PT e PSDB na disputa presidencial é visto como um fator "complicador" pela família, que teme o
uso político do crime e o recrudescimento das ameaças.
Segundo familiares, o uso eleitoral ficou evidenciado no bate-boca entre o líder do governo no
Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), e o senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA), que acusou
correligionários do PT pelo assassinato de Daniel.
"A eleição é um complicador.
Não queremos ser usados politicamente por ninguém", afirmou
João Francisco.
Governo de SP
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou ontem, em nota, que deu
toda a assistência necessária à família de Bruno Daniel. Informou,
porém, que desconhecia as recentes ameaças de morte feitas contra
familiares de Celso Daniel.
"Em 21 de novembro, Bruno
Daniel registrou um termo de declaração, na 3ª Delegacia de Proteção à Pessoa, sobre ameaças que
sofreu. O DHPP [Departamento
de Homicídios e de Proteção à
Pessoa, da Polícia Civil] está monitorando e, até o momento, passados cinco meses, não houve
mais nenhuma ameaça."
A secretaria disse que forneceu
proteção policial a Bruno e à mulher dele, Marilena, entre os dias 2
de novembro e 12 de dezembro de
2005, quando o irmão do prefeito
solicitou o cancelamento da escolta porque ia para o exterior.
O órgão informou também que
Bruno pediu a extensão da escolta
a um dos filhos em janeiro de
2006 e foi "prontamente atendido". "A escolta continua à disposição da família, bastando que seja solicitada."
Falso seqüestro
Em janeiro deste ano, Marilena,
mulher de Bruno, recebeu um telefonema de um homem, que não
se identificou, dizendo que um
dos sobrinhos dela havia sido seqüestrado e iria ser morto. Minutos depois, ela descobriu que nada
havia acontecido com o garoto.
A notícia desse falso seqüestro,
disse a família, aconteceu no mesmo período em que outras ameaças foram feitas.
Segundo Bruno e João Francisco, as intimidações começaram a
chegar pouco depois do depoimento de ambos, em 26 de outubro, à CPI dos Bingos.
Na ocasião, os irmãos reafirmaram a convicção de que o crime
está relacionado a um esquema de
corrupção montado na prefeitura
da cidade.
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