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RIO DE JANEIRO
Diretório regional do partido aprovou ontem resolução em que se diz rompido com o governo
PT dá prazo de 15 dias para Garotinho
ANTONIO CARLOS DE FARIA
da Sucursal do Rio
O diretório regional do PT no
Rio aprovou ontem resolução em
que se diz rompido politicamente
com o governador Anthony Garotinho (PDT), mas não entrega
imediatamente os cargos no governo.
A resolução determina que o
partido deixe os cargos, caso em
15 dias o governador não implemente uma relação de reivindicações, entre elas maior participação do PT nas decisões do governo e a apuração de possíveis irregularidades, particularmente no
programa habitacional.
Os atritos do PT com o governador se intensificaram desde a demissão do ex-coordenador de Segurança, Luiz Eduardo Soares,
depois que denunciou a existência de uma "banda podre" na polícia. Uma das reivindicações do
partido é o fim das hostilidades de
Garotinho contra Soares e a garantia da continuidade do programa de reforma da polícia que ele
vinha implementando.
O PT quer também investigações sobre atos de Eduardo Cunha, ex-membro do grupo de Collor, que é presidente da Companhia Estadual de Habitação.
A crise aumentou na semana
passada, quando Garotinho demitiu o petista Sergio Rosa, presidente da Proderj (companhia estadual de processamento de dados), depois que ele fez denúncias
sobre compras sem licitação no
governo.
O presidente regional do partido, Carlos Santana, criticou a resolução que foi aprovada por 25
votos contra 24, dizendo que ela é
ambígua, permitindo a interpretação de que o partido é apegado a
cargos públicos. Santana votou
contra a resolução.
O secretário estadual de Planejamento, Jorge Bittar, deputado
federal do PT licenciado, concorda que a decisão foi ambígua, mas
nega que a permanência dos petistas num governo que não
apóiam politicamente seja um ato
fisiológico. "A resolução é um
protesto político do partido feito
com responsabilidade, pois não
podemos simplesmente deixar
um governo de um dia para outro, comprometendo a continuidade dos trabalhos nos quais estamos trabalhando", disse Bittar.
A aprovação ocorreu às 17h15,
depois de uma tensa reunião iniciada às 10h. A vice-governadora
Benedita da Silva (PT) participou
das negociações que redigiram a
resolução. Em reuniões reservadas, ela e Bittar pressionaram os
deputados estaduais petistas a
apoiar uma solução que impedisse o rompimento com o governo.
Os oito deputados têm um voto
no diretório regional, que é dado
pelo líder da bancada, deputado
Paulo Pinheiro. Esse voto era disputado desde o início do dia pelos
grupos favoráveis ou contra a permanência no governo. Pinheiro
votou com os governistas.
Essa divisão é histórica e levou a
direção nacional a intervir no diretório regional, quando em 98 o
partido no Rio decidiu não apoiar
uma aliança eleitoral com Garotinho. A aliança foi feita, mas os
atritos continuaram e em outubro
do ano passado, os petistas do Rio
aprovaram uma resolução que já
determinava a saída do governo.
Isso ocorreu logo depois que
Garotinho deu declarações dizendo que havia "um partido da boquinha", numa referência a petistas que o criticavam no governo,
mas não deixavam seus cargos.
Depois de novas pressões da direção nacional, a resolução foi interpretada como simples determinação de que os petistas deveriam entregar cargos. O governador não aceitou a entrega e os petistas continuaram no governo.
Garotinho não quis comentar a
nova resolução petista, ontem.
Em declarações dadas no sábado,
ele disse estar disposto a fazer um
novo acordo político com o PT.
"Eu e o PT discutimos e chegamos
à conclusão de que houve excesso
de ambos os lados. Eu desconfiava que os petistas queriam me desestabilizar e os petistas pensavam que eu queria colocá-los para
fora do governo. Agora está tudo
claro", disse no sábado.
Os atritos podem continuar. O
deputado federal Milton Temer
(PT-RJ) entra hoje com pedido
junto ao TCE (Tribunal de Contas
do Estado) para que sejam investigadas possíveis irregularidades
no programa Cheques-Cidadania, em que cerca de 30 mil famílias recebem R$ 100,00 por mês.
Ontem pela manhã, o PTB fez
no Rio sua pré-convenção municipal. Cesar Maia, pré-candidato
do partido à Prefeitura, disse que
irá procurar o governador para
discutir projetos municipais que
dependem do Estado para sua
realização, como a criação de um
policiamento comunitário com a
utilização da guarda municipal.
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