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ELEIÇÕES 2004
Confederação de municípios calcula que 8.892 cadeiras serão eliminadas; quase metade dos municípios terá redução
TSE reduz número de vereadores em 15%
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quase metade dos 5.565 municípios do país sofrerá corte no número de vereadores que serão
eleitos em outubro, por causa de
uma decisão do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) que os obrigará a aplicar um critério de representação na Câmara Municipal
proporcional à sua população.
A estimativa preliminar da redução foi feita pela CNM (Confederação Nacional dos Municípios). A entidade calcula que serão canceladas 8.892 vagas nas
próximas eleições. Hoje há 60.311
cadeiras no país. Esse número cairá para 51.419, segundo divulgou
a entidade (redução de 14,7%).
Os ministros do TSE decidiram,
anteontem à noite, estender a todo o país o cálculo de proporcionalidade recentemente imposto
pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a dez cidades de São Paulo.
O primeiro caso julgado no STF
foi o de Mira Estrela (SP).
O TSE não dispõe de levantamento sobre o impacto da sua decisão. O estudo realizado pela
confederação indica que 2.415 cidades terão 8.936 vereadores a
menos. Outras 12 cidades aumentarão o número de representantes
na Câmara Municipal, no total de
44 novas cadeiras. Em 2000, houve 350 mil candidatos.
No Estado de São Paulo, a entidade prevê diminuição do número de vereadores em 463 dos 645
municípios, que terão menos
1.863 vagas. Em três municípios,
haverá aumento na representação, com a criação de nove cadeiras. No balanço geral, serão eleitos
6.157 parlamentares, contra os
8.011 atuais.
Critério
A Constituição prevê que o número de vereadores será "proporcional à população" e determina o
máximo e mínimo por faixas populacionais. Por exemplo, os municípios com até 1 milhão de habitantes podem ter de 9 a 21 representantes, e os que têm de 1 milhão a 5 milhões de habitantes pode ter de 33 a 41 vereadores, segundo o artigo 29.
O Supremo interpretou essas
duas normas e instituiu um critério de proporcionalidade, que deve prevalecer, pelo qual cada grupo de 47.619 habitantes terá um
novo vereador, respeitado o número mínimo.
Por exemplo, todas as cidades
com menos de 47.619 habitantes
terão nove vereadores. Os municípios que têm de 47.620 a 95.238
moradores terão dez. De acordo
com uma tabela progressiva adotada pelo TSE, esse número chegará a 21 representantes nas cidades com população entre 571.429
e 1 milhão.
Quando o número de habitantes passa de 1 milhão, o número
de vereadores dá um salto para
33. A cidade de Campinas (SP) está entre as que foram afetadas por
esse salto instituído pela nova regra. O número de vereadores do
município, cuja população é de
1,006 milhão de habitantes, passará de 21 para 33.
A decisão do TSE terá enorme
repercussão política. Devido às
pressões políticas e a brechas que
surgiram por conta de leis municipais, várias cidades aumentaram o número de vereadores.
Um caso típico foi justamente o
julgado pelo STF, na semana passada. A cidade de Mira Estrela
(SP), que tem apenas 2.700 habitantes, conta com 11 vereadores, 2
a mais que o mínimo. O Supremo
decidiu que a cidade tem que reduzir o número para 9.
Ajustes
Os municípios terão de ajustar a
sua legislação à decisão do TSE.
Eles precisarão levar em conta a
estimativa populacional do IBGE
(Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) para 2003.
O presidente do TSE, ministro
Sepúlveda Pertence, propôs aos
colegas a extensão da decisão do
STF a todo o país para evitar que a
Justiça, inclusive o próprio Supremo, ficasse na próxima legislatura
julgando milhares de recursos sobre essa causa. "O nosso objetivo
foi deixar as regras do jogo claras", disse Pertence.
A resolução aprovada anteontem pelo TSE deixa explícito que,
se o Congresso promulgar uma
emenda constitucional adotando
um novo critério, ele será adotado, independentemente de quando isso ocorra. Mas essa hipótese
é improvável, por causa da dificuldade de obtenção de quórum
em ano eleitoral.
Em tese, a resolução do TSE pode ser contestada no STF, mas as
chances de mudá-la são nulas,
porque ela reproduz decisão tomada pela ampla maioria -8 dos
11 ministros.
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