São Paulo, domingo, 03 de abril de 2005

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CONTRA

"Separação não resolve problemas e cria dificuldades", afirma Tito Ryff

DA SUCURSAL DO RIO

O secretário de Planejamento do governo do Rio de Janeiro, Tito Ryff, afirma que a desfusão da cidade do Rio do Estado não resolve nenhum dos problemas e cria novas dificuldades.
 

Folha - Por que o senhor é contra a desfusão?
Tito Ryff -
Acho que ela não resolve nenhum dos problemas e cria novas dificuldades. Como se faria a atribuição da dívida? A dívida do município do Rio é bem menor do que a dívida do Estado. A dívida da cidade é de cerca de R$ 12 bilhões. A do Estado supera os R$ 40 bilhões. Se dividíssemos a dívida pela população, a da cidade-Estado passaria dos R$ 12 bilhões para cerca de R$ 32 bilhões.
Além disso, o município teria de assumir as funções, muito dispendiosas, que hoje são exercidas pelo Estado. Todo o efetivo policial que opera na cidade. A maioria dos leitos hospitalares do Estado está na capital. A mesma coisa com relação à rede escolar do Estado. Essas três funções, mais a previdência, representam mais de R$ 4,5 bilhões de gastos.

Folha - Os defensores dizem que a cidade não tem conexão com o Estado do Rio economicamente.
Ryff -
A economia moderna é a economia de serviços, de turismo, de informação, de cultura, de lazer. Essa é a vocação da capital. Mas ela interage com a economia industrial e, em alguns casos, com a economia agrícola.

O movimento da desfusão é contra o casal Garotinho?
Ryff -
Eu não tenho a menor dúvida. Tenho ouvido que eles querem se livrar do casal Garotinho e não sabem como. Se é realmente isso, acho muito triste.

Folha - A fusão prejudicou a cidade do Rio de Janeiro?
Ryff -
Não é verdade. A fusão foi um ato unilateral da ditadura mas era discutida havia muitos anos. Toda a lógica era de que a cidade sofria um processo de perda de importância industrial, e que o interior se desenvolvia muito rápido. Era o Estado que viria em socorro da cidade, e não o contrário.

A cidade do Rio sofreu mais ao deixar de ser a capital do país do que com a fusão...
Ryff -
Não tenho dúvidas. Se alguma coisa que corrigisse o passado seria que o Rio voltasse a ser capital e não a desfusão.


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