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A FAVOR
"Mudança traria ganho de eficiência
aos dois lados", diz Rabello de Castro
DA SUCURSAL DO RIO
O economista Paulo Rabello de
Castro, colunista da Folha, defende a desfusão do Rio de Janeiro
por considerar que ela traria "ganhos extraordinários de eficiência
na boa gestão dos dois lados".
Folha - Por que o senhor é a favor
da desfusão?
Paulo Rabello de Castro - Eu sou
a favor porque a fusão foi um casamento forçado pela ditadura e
que, por mais que tenham decorrido 30 anos e filhos, é um casamento que deve ser rediscutido.
Antes de ser a favor da desfusão,
sou a favor da consulta popular.
Além disso, chegamos à conclusão de que, inegavelmente, no
plano técnico, a separação trará
ganhos extraordinários de eficiência na gestão dos dois lados.
Folha - Por que traria mais eficiência?
Rabello de Castro - A economia
regional ensina que há cidades
que têm maior nível de capilaridade com o interior do que outras. Manaus é uma cidade-Estado praticamente. O exemplo
oposto é São Paulo, que é uma cidade que tem um profundo papel
de integração com o interior.
E existe o caso do Rio, onde, independentemente de cariocas e
fluminenses se darem muito bem,
as semelhanças ficam por aí, na
cordialidade. Porque todo o mais
é distinto.
Folha - É possível haver a desfusão e não haver perdedores?
Rabello de Castro - Por que as
pessoas acham que um dos dois
tem que perder? Usando a analogia do casamentos, muitas vezes a
mulher precisa se separar para se
encontrar, ganhar personalidade
e fazer o que ela nunca imaginava
que faria.
Folha - Por que a cidade-Estado
teria mais segurança ?
Rabello de Castro - O fato é que
hoje o prefeito não tem polícia. O
grande choque será dar para esse
prefeito uma arma para que ele
coloque ordem na cidade. Você
vai armar o prefeito, dando-lhe a
condição de ser governador, de
ter a polícia. Será mais fácil controlar as entradas e saídas da cidade, por exemplo.
Folha - Esse movimento é contra
o casal Garotinho?
Rabello de Castro - O casal Garotinho não tem essa importância
toda na decadência do Rio. O que
acabou com o Rio foi o constituinte de 1891, que inventou que,
no Planalto Central, iria ter a capital federal.
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