São Paulo, domingo, 03 de abril de 2005

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A FAVOR

"Mudança traria ganho de eficiência aos dois lados", diz Rabello de Castro

DA SUCURSAL DO RIO

O economista Paulo Rabello de Castro, colunista da Folha, defende a desfusão do Rio de Janeiro por considerar que ela traria "ganhos extraordinários de eficiência na boa gestão dos dois lados".
 

Folha - Por que o senhor é a favor da desfusão?
Paulo Rabello de Castro -
Eu sou a favor porque a fusão foi um casamento forçado pela ditadura e que, por mais que tenham decorrido 30 anos e filhos, é um casamento que deve ser rediscutido. Antes de ser a favor da desfusão, sou a favor da consulta popular.
Além disso, chegamos à conclusão de que, inegavelmente, no plano técnico, a separação trará ganhos extraordinários de eficiência na gestão dos dois lados.

Folha - Por que traria mais eficiência?
Rabello de Castro -
A economia regional ensina que há cidades que têm maior nível de capilaridade com o interior do que outras. Manaus é uma cidade-Estado praticamente. O exemplo oposto é São Paulo, que é uma cidade que tem um profundo papel de integração com o interior.
E existe o caso do Rio, onde, independentemente de cariocas e fluminenses se darem muito bem, as semelhanças ficam por aí, na cordialidade. Porque todo o mais é distinto.

Folha - É possível haver a desfusão e não haver perdedores?
Rabello de Castro -
Por que as pessoas acham que um dos dois tem que perder? Usando a analogia do casamentos, muitas vezes a mulher precisa se separar para se encontrar, ganhar personalidade e fazer o que ela nunca imaginava que faria.

Folha - Por que a cidade-Estado teria mais segurança ?
Rabello de Castro -
O fato é que hoje o prefeito não tem polícia. O grande choque será dar para esse prefeito uma arma para que ele coloque ordem na cidade. Você vai armar o prefeito, dando-lhe a condição de ser governador, de ter a polícia. Será mais fácil controlar as entradas e saídas da cidade, por exemplo.

Folha - Esse movimento é contra o casal Garotinho?
Rabello de Castro -
O casal Garotinho não tem essa importância toda na decadência do Rio. O que acabou com o Rio foi o constituinte de 1891, que inventou que, no Planalto Central, iria ter a capital federal.


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