São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2006

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PF ouve assessores de Thomaz Bastos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, passou a suspeitar que Antonio Palocci Filho era o mandante da violação do sigilo de Francenildo Costa na noite de 17 de março. Ao chegar à Base Aérea de Brasília após dois dias em Rondônia, Thomaz Bastos ouviu do chefe de gabinete, Cláudio Alencar, que Palocci pedira na noite anterior ao secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg, que a PF investigasse o caseiro. Alencar afirmou que procurou a PF e que ele e Goldberg disseram não a Palocci.
Enquanto falava com Alencar, Thomaz Bastos soube que o blog da revista "Época" relatava haver depósitos na conta do caseiro na Caixa Econômica Federal incompatíveis com sua renda. Alencar relatou que Goldberg encontrara o então presidente da Caixa, Jorge Mattoso, na casa de Palocci. Thomaz Bastos e Alencar desconfiaram de Palocci e Mattoso.
Goldberg e Alencar prestaram depoimento ontem à PF. Segundo a assessoria, eles se colocaram à disposição da polícia na última quinta-feira, dia 30, quando o secretário de Direito Econômico voltou de viagem aos EUA.
Ambos disseram à PF que Palocci telefonou para o Ministério da Justiça por volta das 21h de 16 de março e convidou o secretário de Direito Econômico para passar em sua casa no Lago Sul entre 23h e 23h30. Na hora combinada, Goldberg seguiu para a casa de Palocci e pediu ao seu motorista que levasse Alencar a outro compromisso. Mattoso chegou após Goldberg. Os dois se encontraram na sala, e o então ministro convidou Mattoso para o escritório.
De acordo com Goldberg, Palocci e Mattoso ficaram a sós por minutos. Palocci saiu do escritório e disse a Goldberg que o caseiro recebera alta soma de dinheiro e que dera entrada numa casa. Mattoso teria ido embora. Queria que a PF o investigasse porque um jornal publicaria que um jardineiro teria dito que Francenildo recebera muito dinheiro.
Goldberg disse que veria se era possível. Falou que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), subordinado à Fazenda, poderia averiguar a movimentação bancária. Goldberg nega ter visto o extrato ou ter sido informado dele ou da violação.
No dia seguinte, ele se reuniu com Alencar, que disse não ser possível pedir investigação com base numa reportagem que seria publicada. Foram à casa de Palocci na manhã do dia 17 responder isso. O então ministro indagou se a PF podia perguntar se o caseiro havia recebido dinheiro, pois ele estava no programa de proteção a testemunhas da polícia.
Alencar então conversou com a cúpula da PF. Foi informado de que o caseiro abandonara o programa de proteção e que não daria para investigá-lo. Na semana seguinte, porém, a PF investigou Francenildo com base em pedido do Coaf.
Alencar e Goldberg voltaram a falar com Palocci, que ficou contrariado com a negativa da PF. Segundo os dois, eles não falaram com Thomaz Bastos durante a viagem do ministro a Rondônia nem Palocci citou o extrato do caseiro, mas só a história do jardineiro que seria publicada.
Alencar foi se encontrar com Thomaz Bastos na Base Aérea. Após ouvir seu chefe de gabinete, o ministro da Justiça pediu à PF que abrisse inquérito e informou Lula na segunda de sua suspeição sobre Palocci. (KA)


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