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PF ouve assessores de Thomaz Bastos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, passou a suspeitar que Antonio Palocci Filho era
o mandante da violação do sigilo
de Francenildo Costa na noite de
17 de março. Ao chegar à Base Aérea de Brasília após dois dias em
Rondônia, Thomaz Bastos ouviu
do chefe de gabinete, Cláudio
Alencar, que Palocci pedira na
noite anterior ao secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg, que a PF investigasse o caseiro. Alencar afirmou que procurou a PF e que ele e Goldberg disseram não a Palocci.
Enquanto falava com Alencar,
Thomaz Bastos soube que o blog
da revista "Época" relatava haver
depósitos na conta do caseiro na
Caixa Econômica Federal incompatíveis com sua renda. Alencar
relatou que Goldberg encontrara
o então presidente da Caixa, Jorge
Mattoso, na casa de Palocci. Thomaz Bastos e Alencar desconfiaram de Palocci e Mattoso.
Goldberg e Alencar prestaram
depoimento ontem à PF. Segundo
a assessoria, eles se colocaram à
disposição da polícia na última
quinta-feira, dia 30, quando o secretário de Direito Econômico
voltou de viagem aos EUA.
Ambos disseram à PF que Palocci telefonou para o Ministério
da Justiça por volta das 21h de 16
de março e convidou o secretário
de Direito Econômico para passar
em sua casa no Lago Sul entre 23h
e 23h30. Na hora combinada,
Goldberg seguiu para a casa de
Palocci e pediu ao seu motorista
que levasse Alencar a outro compromisso. Mattoso chegou após
Goldberg. Os dois se encontraram
na sala, e o então ministro convidou Mattoso para o escritório.
De acordo com Goldberg, Palocci e Mattoso ficaram a sós por
minutos. Palocci saiu do escritório e disse a Goldberg que o caseiro recebera alta soma de dinheiro
e que dera entrada numa casa.
Mattoso teria ido embora. Queria
que a PF o investigasse porque
um jornal publicaria que um jardineiro teria dito que Francenildo
recebera muito dinheiro.
Goldberg disse que veria se era
possível. Falou que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades
Financeiras), subordinado à Fazenda, poderia averiguar a movimentação bancária. Goldberg nega ter visto o extrato ou ter sido
informado dele ou da violação.
No dia seguinte, ele se reuniu
com Alencar, que disse não ser
possível pedir investigação com
base numa reportagem que seria
publicada. Foram à casa de Palocci na manhã do dia 17 responder
isso. O então ministro indagou se
a PF podia perguntar se o caseiro
havia recebido dinheiro, pois ele
estava no programa de proteção a
testemunhas da polícia.
Alencar então conversou com a
cúpula da PF. Foi informado de
que o caseiro abandonara o programa de proteção e que não daria para investigá-lo. Na semana
seguinte, porém, a PF investigou
Francenildo com base em pedido
do Coaf.
Alencar e Goldberg voltaram a
falar com Palocci, que ficou contrariado com a negativa da PF. Segundo os dois, eles não falaram
com Thomaz Bastos durante a
viagem do ministro a Rondônia
nem Palocci citou o extrato do caseiro, mas só a história do jardineiro que seria publicada.
Alencar foi se encontrar com
Thomaz Bastos na Base Aérea.
Após ouvir seu chefe de gabinete,
o ministro da Justiça pediu à PF
que abrisse inquérito e informou
Lula na segunda de sua suspeição
sobre Palocci.
(KA)
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