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CRISE NO GOVERNO/CERCO AO EX-MINISTRO
Assessores de Márcio Thomaz Bastos estavam na casa de Palocci quando extrato de caseiro foi entregue pelo ex-presidente da CEF
Oposição mira agora o ministro da Justiça
ADRIANO CEOLIN
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com as novas revelações sobre
o episódio da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro que fazia
acusações ao ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci Filho, a
oposição mudou o tom e já fala
abertamente que o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) é a
bola da vez do escândalo.
PFL, PSDB e PPS ontem bateram na tecla de que a violação do
sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa foi uma decisão do
governo Luiz Inácio Lula da Silva
como um todo e teve, no mínimo,
a omissão de Bastos.
"As informações de envolvimento de assessores do ministro
da Justiça na quebra do sigilo
mostram que há corrupção sistêmica no governo. Todos os que
estão ao redor de Lula estão contaminados", disse o líder da oposição na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA).
Dois assessores de Bastos foram
procurados por Palocci para que a
Polícia Federal investigasse o caseiro, embora eles neguem ter tido conhecimento da quebra ilegal
do sigilo de Francenildo.
Bastos, ao longo de mais de três
anos de governo Lula, sempre foi
poupado em razão de sua trajetória de criminalista, que já serviu
inclusive a pefelistas no passado.
Agora, não mais. "Eu mesmo
defendi o ministro no passado
quando foi acusado pelo doleiro
Toninho da Barcelona. Mas nesse
caso não pode ter trégua. Ele tomou conhecimento da quebra do
sigilo e só se opôs quando viu o resultado", afirmou Aleluia.
O PPS apresentou na quarta-feira um requerimento para que a
Câmara convoque Bastos a dar
explicações ao plenário. O depoimento precisa ser colocado em
pauta pelo presidente da Câmara,
Aldo Rebelo (PC do B-SP), e aprovado por maioria simples.
Segundo o senador Álvaro Dias
(PSDB-PR), está claro que a violação do sigilo do caseiro foi uma
decisão política do governo. "Até
agora, está implícito que o presidente Lula tinha conhecimento."
Para Dias, o maior indício é o fato de Palocci ter dado expediente
numa sala a poucos metros do
presidente na semana em que a
crise foi deflagrada-entre os dias
17 e 27 de março. "Isso nos dá o
direito de fazer a ilação de que Lula pelo menos ficou sabendo do
que havia acontecido", disse.
O presidente da CPI dos Bingos,
Efraim Morais (PFL-PB), afirmou
que a comissão vai avançar nas
investigações sobre o caso. Mas,
por ora, só há planos para convocar o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso para depor. Amanhã, deverá ser colocado em votação requerimento
para que Mattoso fale à CPI.
"Ele [Mattoso] é uma fonte importante para contar toda essa
história. Ainda não concordo
com a convocação do Palocci. Só
vou pensar nisso depois que ele
falar na Polícia Federal", afirmou
Efraim, referindo-se ao depoimento do ex-ministro marcado
para quarta-feira.
O relator da CPI, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), espera que Mattoso fale à CPI ainda
nesta semana. "É ideal que ele [o
ex-presidente da Caixa] preste depoimento o mais rápido possível
para a gente conseguir avançar
sobre os fatos novos."
Os governistas antecipam uma
ofensiva em cima do ministro.
"Perderam o respeito, perderam a
vergonha ao falar do ministro da
Justiça. Estão com o mesmo "modus operandi" que tiveram com o
Palocci. Passam meses falando
bem do ministro e de repente vão
ao ataque", disse a líder do PT no
Senado, Ideli Salvatti (SC).
Além da votação da convocação
de Mattoso, a agenda da CPI dos
Bingos prevê para nesta semana a
acareação entre o presidente do
Sebrae, Paulo Okamotto, e o ex-militante petista Paulo de Tarso
Venceslau, que o acusa de arrecadar recursos irregulares em prefeituras do PT na década de 90.
Na CPI, Okamotto-ex-tesoureiro do PT-é também investigado por afirmar ser o responsável pelo pagamento de uma dívida de R$ 29,4 mil do presidente
Lula com o partido. Ele diz que
usou recursos próprios, mas a
oposição suspeita que o dinheiro
pode ser oriundo de corrupção.
Na acareação com Venceslau,
Okamotto poderá negar-se a falar
sobre a dívida de Lula com o PT.
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