DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dos principais personagens do Congresso com a apresentação de uma emenda que redistribuiu os royalties do pré-sal, o deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) diz que a desistência da vida parlamentar não está relacionada com a reação dos estados produtores, mas com a ineficiência do atual sistema político. (MCC)

 

FOLHA - O sr. está decidido a não voltar para o Congresso?
IBSEN PINHEIRO - Estou e a minha explicação é singular. Não estou decepcionado com a vida pública, nem com a Câmara. Eu gosto de ser deputado. O que eu não quero é ser candidato.

FOLHA - Por quê?
IBSEN - Por causa desse modelo político eleitoral, baseado em duas distorções graves: a campanha privada e o voto uninominal que faz de cada candidato um partido.

FOLHA - O deputado José Eduardo Cardozo também não quer voltar à Câmara, mas ele reclama especialmente do preço da campanha.
IBSEN - Eu não faço campanha com o meu dinheiro, sempre fiz com doações. Minha última [campanha] custou R$ 310 mil e eu botei do meu bolso os primeiros R$ 10 mil.

FOLHA - E quais são os planos?
IBSEN - Não vou abandonar a atividade política, continuo filiado ao partido. E na vida profissional tenho duas opções: a advocacia e o jornalismo.

FOLHA - Podemos classificar a emenda Ibsen como sua última grande participação no Legislativo?
IBSEN - Essa avaliação não pode ser minha. Nunca cogitei isso. Eu penso nesse tipo de solução da emenda dos royalties desde a Constituinte, quando ficou claro que o nosso modelo é concentrador, não é distributivo e não é federativo.

FOLHA - E o sr. tem esperança de vê-la sair do papel sem veto?
IBSEN- Olha só, eu fui fazer a reforma política porque era um projeto de governo. Só não percebi que naquele assunto, o governo estava jogando para a plateia. Se o governo desistir dos seus projetos sobre o petróleo, a minha emenda some. Só que neste caso, ele tem profundos interesses, o que não tinha na reforma política. Só não percebi que naquele assunto o governo estava jogando para a plateia, como agora.


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