São Paulo, sexta-feira, 03 de maio de 2002

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EUA são beligerantes, e diplomacia brasileira é tímida, diz Garotinho

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

O pré-candidato do PSB a presidente, Anthony Garotinho, disse ontem que a política externa norte-americana está "equivocada", porque é "beligerante" e "provocadora de conflitos". Disse que o Brasil deve ter uma posição independente em relação aos EUA e defendeu "precondições" para o país entrar na Alca (Área de Livre Comércio das Américas), prevista para ser implantada em 2005.
"Ao invés de buscar uma mediação, os EUA estão tomando partido, acirrando confrontos e isso pode lhes custar muito caro. Sem nenhum tipo de hostilidade, o Brasil pode marcar sua posição de independência, mostrando que não concordamos com essa posição", disse em entrevista a 20 jornalistas estrangeiros reunidos pela Associação dos Correspondentes Internacionais no Brasil.
O ex-governador do Rio disse ser contra o fechamento do mercado brasileiro para investimentos externos, mas defendeu políticas comerciais iguais entre o país, os EUA e a União Européia. Afirmou ser contrário à Alca "na velocidade com que os EUA defendem". Para ele, isso traria "desequilíbrio econômico" ao Brasil.
Anteontem, o pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, já criticara a política externa dos EUA, que, disse, voltou as costas para a América Latina após a posse do presidente George W. Bush.
Garotinho disse que a diplomacia brasileira é "muito tímida". "Não vi a diplomacia condenar a posição dúbia dos EUA no conflito no Oriente Médio com o mesmo entusiasmo que Fernando Henrique teve ao defender Fujimori", afirmou, referindo-se à posição de FHC contra as sanções da OEA (Organização dos Estados Americanos) ao Peru, quando da vitória eleitoral do ex-presidente Alberto Fujimori, em 2000. O pleito foi fraudado. Fujimori acabou renunciando.
Garotinho defendeu a ampliação do Mercosul -hoje, segundo ele, restrito a Brasil e Argentina- e disse que o país poderá liderar a América Latina. "O Brasil é um fator de estabilidade para a América do Sul. Se voltar a crescer, será o líder natural da região", afirmou.
Indagado sobre qual seria o candidato da direita na eleição deste ano, Garotinho apontou Serra. "O candidato do governo finge que é da oposição."


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