São Paulo, sexta-feira, 03 de maio de 2002

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PT monta comissão para respeitar verticalização e fazer alianças locais

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O pré-candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, está montando uma comissão que se encarregará de analisar a situação específica de cada Estado do país e, adequando-se à regra da verticalização, estabelecer alianças.
Verticalização é a regra definida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a partir de interpretação da Lei Eleitoral, segundo a qual partidos que se opõem nas coligações eleitorais nacionais não podem se aliar nos Estados para as eleições de outubro.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, o coordenador será o vice-presidente estadual do partido, Paulo Ferreira. Com as informações específicas a respeito da realidade regional, Ferreira abastecerá a coordenação nacional.
O PT quer ter um panorama nacional claro para planejar as ações e abastecer de informações o pré-candidato do partido.
A verticalização, dependendo das alianças que o partido fizer, impõe uma série de novas situações regionais.
Lula disse que está adotando esse sistema -das comissões estaduais- ontem à tarde, em visita a uma pequena propriedade rural de Erechim (RS), onde gravou cenas para o programa de TV que irá ao ar no próximo dia 9, sobre a agricultura familiar.
A comissão específica formada pelo partido para cuidar das coligações tratará de negociações com outros partidos.
O pré-candidato não pretende mais fazer isso pessoalmente nem influenciar diretamente nas questões específicas.
Lula lembrou, em sua visita a Erechim, que, ""se dependesse do Rio Grande do Sul", ele teria sido eleito nas eleições presidenciais de 1989, 1994 e 1998.
O líder petista, que efetivamente foi o candidato mais votado pelos gaúchos em todas as três eleições presidenciais de que participou, disse esperar que "o resto do povo brasileiro amadureça politicamente", se referindo ao exemplo da votação gaúcha obtida nas eleições passadas.
Ficou acertado ontem, também, que Lula estará no Rio Grande do Sul nos próximos dias 22 e 23 de maio.
No dia 22, inclusive, está sendo marcado uma reunião e um jantar entre o pré-candidato Lula e empresários na Federasul (Federação das Associações Empresariais do Rio Grande do Sul).

Surpresa
O líder petista chegou a Erechim de jatinho, pela manhã, em uma viagem que não chegou a ser divulgada. A direção nacional do partido orientou a direção estadual para não avisar a imprensa, segundo a Agência Folha apurou. A passagem por Erechim foi rápida, pois Lula tinha vários compromissos agendados.
Durante a visita, o pré-candidato petista disse que não há qualquer coligação confirmada, fazendo alusão a informações segundo as quais já haveria um acerto com o PL, que lançaria o empresário José Alencar (PL-MG) para ser o vice do pré-candidato petista.
O PT continua defendendo a união dos partidos de oposição (esquerda e centro-esquerda) para a eleição presidencial. Lula tem afirmado que vai alimentar a idéia da candidatura única de oposição até o último momento em que isso for possível.

Aliança
Na verdade, o PT quer aproveitar a crise na Frente Trabalhista (PPS, PDT e PTB) para atrair o pré-candidato à Presidência Ciro Gomes para um apoio ao pré-candidato petista ainda no primeiro turno. Ciro nega a possibilidade e diz que isso é "intriga da máquina de propaganda do candidato José Serra".
O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, também diz que isso não vai ocorrer.
Apesar das negativas de Ciro e Freire, as conversas entre emissários de Lula e do pré-candidato do PPS, para tentar costurar uma aliança entre ambos, estão ocorrendo desde a semana passada.



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