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NO AR
Efeito Lula
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Duda Mendonça pode
embrulhar Lula como quiser, para presente, que não
adianta. Primeira manchete do
Jornal Nacional:
- Mais um banco estrangeiro
recomenda redução de investimentos no Brasil por causa da
liderança de Lula nas pesquisas.
O dólar sobe. A Bolsa cai. E o risco Brasil aumenta.
É o "efeito Lula", segundo a
Jovem Pan -que citou também
"rumores no Nordeste" de que
Ciro Gomes está para desistir e
se candidatar a governador, favorecendo o petista.
Mas não é só em relação a Lula que vêm más notícias do exterior. O governo americano pressiona o brasileiro, do FHC tão
questionado pelos nacionalistas
em campanha, de modo obstinado. Ontem mesmo, aprovou
no congresso novos subsídios
que lesam o Brasil.
A Rede Globo está preocupada. Depois de produzir uma
campanha sufocante contra os
produtos "piratas", a emissora
reagiu surpresa à ameaça de retaliação dos EUA, caso o Brasil
não se esforce na repressão aos
mesmos "piratas".
Deu destaque à resposta do secretário da Receita, Everardo
Maciel, no JN.
Deu destaque, por outro lado,
do Jornal da Globo até o JN de
ontem, ao editorial do "Financial Times" -de crítica aos
bancos estrangeiros que rebaixaram a recomendação da dívida brasileira.
Deu destaque às "dezenas de
brasileiros que todos os dias são
impedidos de entrar nos Estados
Unidos".
Deu destaque atrasado até ao
golpe na Venezuela -que "deixou muita gente preocupada,
depois que o "New York Times"
levantou a possibilidade de o
governo americano ter apoiado
e talvez orquestrado o golpe
contra o presidente democraticamente eleito".
No sumário de um professor
da PUC do Rio ouvido pela Globo, sobre o tema:
- A questão central passou a
ser o recurso crescente à força
para reafirmar os interesses
americanos em qualquer região
do mundo.
Sobretudo aqui, no quintal.
Na semana em que Lula é
mais questionado por bancos
estrangeiros, Ciro viajou a Washington para falar a "uma platéia de 200 executivos, parlamentares e autoridades do governo americano".
Lá, segundo o Jornal da Record, "criticou Lula" por não ter
apoiado o Plano Real.
Já Anthony Garotinho, no
Rio, recebeu correspondentes estrangeiros para dizer que o Brasil pode enfrentar uma crise similar à da Argentina -e para
dizer, segundo a CNN, que "o
Brasil deve assumir e respeitar"
a dívida externa.
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