São Paulo, sexta-feira, 03 de maio de 2002

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NO AR

Efeito Lula

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Duda Mendonça pode embrulhar Lula como quiser, para presente, que não adianta. Primeira manchete do Jornal Nacional:
- Mais um banco estrangeiro recomenda redução de investimentos no Brasil por causa da liderança de Lula nas pesquisas. O dólar sobe. A Bolsa cai. E o risco Brasil aumenta.
É o "efeito Lula", segundo a Jovem Pan -que citou também "rumores no Nordeste" de que Ciro Gomes está para desistir e se candidatar a governador, favorecendo o petista.
Mas não é só em relação a Lula que vêm más notícias do exterior. O governo americano pressiona o brasileiro, do FHC tão questionado pelos nacionalistas em campanha, de modo obstinado. Ontem mesmo, aprovou no congresso novos subsídios que lesam o Brasil.
A Rede Globo está preocupada. Depois de produzir uma campanha sufocante contra os produtos "piratas", a emissora reagiu surpresa à ameaça de retaliação dos EUA, caso o Brasil não se esforce na repressão aos mesmos "piratas".
Deu destaque à resposta do secretário da Receita, Everardo Maciel, no JN.
Deu destaque, por outro lado, do Jornal da Globo até o JN de ontem, ao editorial do "Financial Times" -de crítica aos bancos estrangeiros que rebaixaram a recomendação da dívida brasileira.
Deu destaque às "dezenas de brasileiros que todos os dias são impedidos de entrar nos Estados Unidos".
Deu destaque atrasado até ao golpe na Venezuela -que "deixou muita gente preocupada, depois que o "New York Times" levantou a possibilidade de o governo americano ter apoiado e talvez orquestrado o golpe contra o presidente democraticamente eleito".
No sumário de um professor da PUC do Rio ouvido pela Globo, sobre o tema:
- A questão central passou a ser o recurso crescente à força para reafirmar os interesses americanos em qualquer região do mundo.
Sobretudo aqui, no quintal.
 
Na semana em que Lula é mais questionado por bancos estrangeiros, Ciro viajou a Washington para falar a "uma platéia de 200 executivos, parlamentares e autoridades do governo americano".
Lá, segundo o Jornal da Record, "criticou Lula" por não ter apoiado o Plano Real.
Já Anthony Garotinho, no Rio, recebeu correspondentes estrangeiros para dizer que o Brasil pode enfrentar uma crise similar à da Argentina -e para dizer, segundo a CNN, que "o Brasil deve assumir e respeitar" a dívida externa.



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