São Paulo, terça-feira, 03 de maio de 2005

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DIPLOMACIA

O presidente do Egito e o rei da Jordânia estão entre os líderes que não vêm

Ausências esvaziam cúpula árabe

FÁBIO ZANINI
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O grande investimento do Itamaraty para este ano, a Cúpula América do Sul-Países Árabes, começa na próxima semana em Brasília esvaziada pela ausência de alguns dos principais representantes do mundo árabe, com os quais o país tem dedicado grande esforço de aproximação.
Não virão os líderes de Egito, Jordânia, Síria, Líbia, Emirados Árabes e Sudão. Outros, como o do Líbano, podem se somar à lista dos faltosos nos próximos dias. Dos 22 países da Liga Árabe, no máximo 13 devem enviar seus chefes de Estado.
Os países cujos líderes não vêm representam 37% do PIB do mundo árabe. Sem eles, as maiores estrelas deverão ser o palestino Mahmoud Abbas, o príncipe Abdallah, da Arábia Saudita, e o presidente do Iraque, Jalal Talabani. Entre os sul-americanos, já confirmaram presença Hugo Chávez (Venezuela) e Nestor Kirchner (Argentina).
A cúpula, marcada para 10 e 11 deste mês, era vista como uma manobra estratégica da política externa brasileira. O encontro chegou a preocupar os Estados Unidos, pelo potencial de ato antiamericano ou de viés anti-Israel.
Hosni Mubarak, presidente do Egito, comunicou que será representado pelo chanceler. O desfalque é considerável: o Egito tem 77 milhões de habitantes e PIB de US$ 316 bilhões, 20% da economia da região.
Um dos poucos países árabes que reconhecem Israel, o Egito é considerado uma força moderada. No Itamaraty, especula-se que Mubarak não virá por estar lidando com pressões democratizantes que vem sofrendo para que reverta o regime de partido único.
O rei Abdullah, da Jordânia, era presença certa no evento, mas a decisão de faltar foi tomada ontem pela manhã, segundo a Folha apurou. O rei enviará um irmão para representá-lo.
O ditador sírio Bashar Al-Assad também decidiu há quase duas semanas que não viria à cúpula. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca proximidade com Assad e telefonou para pedir ajuda no caso do desaparecimento do engenheiro brasileiro João José Vasconcellos Júnior no Iraque.
O ditador líbio Muammar Gaddafi é mais um que não aceitou o convite de Lula. No poder desde 1969, Gaddafi já foi acusado de financiar o terrorismo internacional. Recentemente seu governo assumiu culpa pelo apoio a um atentado em que um avião explodiu sobre a Escócia, em 1988, matando 270 civis. Em troca, teve laços comerciais reatados com o Ocidente. Gaddafi é rival do secretário-geral da Liga Árabe, o egípcio Amre Moussa, o que pode ter pesado na decisão.


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