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DIPLOMACIA
O presidente do Egito e o rei da Jordânia estão entre os líderes que não vêm
Ausências esvaziam cúpula árabe
FÁBIO ZANINI
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O grande investimento do Itamaraty para este ano, a Cúpula
América do Sul-Países Árabes,
começa na próxima semana em
Brasília esvaziada pela ausência
de alguns dos principais representantes do mundo árabe, com
os quais o país tem dedicado
grande esforço de aproximação.
Não virão os líderes de Egito,
Jordânia, Síria, Líbia, Emirados
Árabes e Sudão. Outros, como o
do Líbano, podem se somar à lista
dos faltosos nos próximos dias.
Dos 22 países da Liga Árabe, no
máximo 13 devem enviar seus
chefes de Estado.
Os países cujos líderes não vêm
representam 37% do PIB do
mundo árabe. Sem eles, as maiores estrelas deverão ser o palestino Mahmoud Abbas, o príncipe
Abdallah, da Arábia Saudita, e o
presidente do Iraque, Jalal Talabani. Entre os sul-americanos, já
confirmaram presença Hugo
Chávez (Venezuela) e Nestor
Kirchner (Argentina).
A cúpula, marcada para 10 e 11
deste mês, era vista como uma
manobra estratégica da política
externa brasileira. O encontro
chegou a preocupar os Estados
Unidos, pelo potencial de ato antiamericano ou de viés anti-Israel.
Hosni Mubarak, presidente do
Egito, comunicou que será representado pelo chanceler. O desfalque é considerável: o Egito tem 77
milhões de habitantes e PIB de
US$ 316 bilhões, 20% da economia da região.
Um dos poucos países árabes
que reconhecem Israel, o Egito é
considerado uma força moderada. No Itamaraty, especula-se que
Mubarak não virá por estar lidando com pressões democratizantes
que vem sofrendo para que reverta o regime de partido único.
O rei Abdullah, da Jordânia, era
presença certa no evento, mas a
decisão de faltar foi tomada ontem pela manhã, segundo a Folha
apurou. O rei enviará um irmão
para representá-lo.
O ditador sírio Bashar Al-Assad
também decidiu há quase duas
semanas que não viria à cúpula. O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca proximidade com Assad
e telefonou para pedir ajuda no
caso do desaparecimento do engenheiro brasileiro João José Vasconcellos Júnior no Iraque.
O ditador líbio Muammar Gaddafi é mais um que não aceitou o
convite de Lula. No poder desde
1969, Gaddafi já foi acusado de financiar o terrorismo internacional. Recentemente seu governo
assumiu culpa pelo apoio a um
atentado em que um avião explodiu sobre a Escócia, em 1988, matando 270 civis. Em troca, teve laços comerciais reatados com o
Ocidente. Gaddafi é rival do secretário-geral da Liga Árabe, o
egípcio Amre Moussa, o que pode
ter pesado na decisão.
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