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SABATINA FOLHA
Presidente da Câmara se contradiz sobre protesto de manifestantes, defende virgindade até o casamento e evita opinar sobre uso de camisinha
Severino dá 3 versões para vaias em 2 horas
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Câmara, o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), apresentou ontem três versões para um mesmo fato no período de duas horas. O fato são as
vaias que levou no último domingo em São Paulo, na comemoração do Dia do Trabalho promovida pela Força Sindical, evento pelo qual teriam passado 1,2 milhão
de pessoas, segundo estimativa da
Polícia Militar.
Minutos antes da sabatina da
Folha, que reuniu cerca de 200
pessoas ontem em São Paulo, ele
dizia que não houve vaia: "Foi
uma maravilha. Aquele povo todo gritando. Entendi como aplauso". Na primeira parte da entrevista, a vaia, segundo Severino,
não era dirigida a ele, mas à Câmara. No final do evento, ele reconhece: "Fui vaiado, realmente. Eu
pensava que era aplauso".
Severino revelou na sabatina
que sua visão sobre a vida sexual
também é relativa -o que vale
para o homem, não vale necessariamente para a mulher. A colunista da Folha Danuza Leão perguntou-lhe se, na opinião dele, a
vida sexual deveria começar com
o casamento: "É evidente. Eu era
um homem puro. Casei com uma
mulher que me serviu."
Aí o deputado criou a figura do
"mais ou menos" virgem. "O senhor está confessando que casou
virgem?", quis saber Danuza.
"Mais ou menos isso. A mulher
tem de ser virgem, pura. O homem, às vezes, quer aprender a
como fazer o serviço", contou. E
aprende com quem? "Com quem
se dispuser a ser a professora."
O deputado se recusou a responder a uma pergunta do jornalista Fernando Rodrigues, que
mediou a sabatina, se era contra o
uso de camisinha, como defende
a Igreja Católica. "Você está [sendo] muito indiscreto. Essa resposta não vou dar. Com 74 anos, não
posso ser testemunha em nenhum desses casos", esquivou-se.
Não sou ladrão
Severino afirmou que tem tranqüilidade para defender aumento
salarial para os deputados porque
era um homem rico quando ingressou na política e a atividade só
reduziu o seu patrimônio. Contou
que teve 14 lojas de eletrodomésticos e joalherias nas cidades de São
Paulo, Goiânia e Campinas. "Depois que entrei na política fui acabando com as lojas. Depois entrei
na herança da minha mulher e
acabei com a herança."
Quando a jornalista Renata Lo
Prete, editora do "Painel", lhe perguntou se essa dilapidação de patrimônio não lhe daria a imagem
de mau administrador, o deputado rebateu: "Deixa a imagem de
que não sou ladrão. Quando eu
morava em Aparecida [SP], era
um homem rico".
Severino reafirmou que é contra
o aborto, mesmo em casos de estupro. "A vida pertence a Deus.
Tenho vários exemplos de mulheres que são felizes com seus filhos,
mesmo que tenha sido um acidente horrendo." O deputado disse que, se não fosse cristão, defenderia a aplicação de pena de morte para esse crime.
A parábola do "cachaceiro" de
João Alfredo, a cidade de Pernambuco em que Severino foi prefeito,
foi citada em uma pergunta da
platéia. O jeitinho que usou para
evitar que um eleitor seu fosse
preso por destruir copos e garrafas num bar, um prejuízo de R$
400 que o parlamentar pagou, segundo ele, não é um mau exemplo de uso de cargo público.
"Aprenda a respeitar seu semelhante", discursou Severino. "Você não sabe o que é um sujeito
passando necessidade. O sujeito
tinha Severino Cavalcanti e você
não tem ninguém."
O deputado disse que faz tudo
às claras quando lhe perguntaram
se era preconceituoso contra gays.
"Eu não tenho preconceito. Tenho posições. Não engano ninguém. Sou o Severino Cavalcanti
de 40 anos atrás."
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