São Paulo, terça-feira, 03 de maio de 2005

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ORÇAMENTO

Despesa cresceu 31% nos 2 primeiros anos de governo Lula, diz estudo

Gasto social não muda desigualdade

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pressionados sobretudo pelos benefícios da Previdência, os gastos sociais do governo cresceram 31% nos dois primeiros anos de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas esse aumento pouco contribuiu para reduzir a desigualdade de renda no país. É a principal conclusão a que chega o estudo "Orçamento Social do Governo Federal", que abrange um período de quatro anos e foi divulgado ontem pelo Ministério da Fazenda. As despesas não foram corrigidas pela inflação.
Em linhas gerais, o texto reitera o diagnóstico lançado nos anos 90 pelo Banco Mundial e encampado pela equipe do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan. A situação não teria se alterado sob Lula.
"A ação do Estado brasileiro em arrecadar impostos e transferir benefícios é ainda pouco eficaz em reduzir a desigualdade de renda", resume o estudo, assinado pelo ministro Antonio Palocci e por Marcos Lisboa, afastado na quinta passada da Secretaria de Política Econômica.
Ao longo de quase 40 páginas, o documento mostra que, apesar do aumento das transferências de renda a famílias pobres -de R$ 2,4 bilhões em 2002 para 5,8 bilhões em 2004-, o Bolsa-Família consumiu no ano passado uma fatia de apenas 2,3% dos gastos sociais diretos do governo federal.
A maior fatia dos gastos sociais (51,6%) é consumida pelo pagamento de aposentadorias, pensões e demais benefícios previdenciários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Destaca-se a explosão do auxílio-doença, pago aos segurados incapacitados de trabalhar por mais de 15 dias.
Em 2001, pagamentos do benefício consumiram R$ 2,7 bilhões. Em 2004, atingiram R$ 9,4 bilhões, 62% a mais que o principal programa social deste governo.
Para o governo, o maior volume de verbas do Orçamento Social é destinado aos grupos de maior renda da sociedade por dois motivos principais: 1) brasileiros mais pobres têm pouco ou nenhum trabalho com carteira assinada, não tendo cobertura da Previdência; 2) a pobreza está concentrada nas crianças, que não são beneficiárias diretas do sistema.
Diferentemente de uma primeira versão desse estudo, divulgada em novembro de 2003, a Fazenda não sugere agora cortes nas deduções de despesas médicas e com instrução no Imposto de Renda nem a concessão de um volume maior de bolsas a estudantes pobres nas universidades privadas. Tampouco sugere uma nova reforma da Previdência Social. O texto divulgado ontem se limita ao diagnóstico.


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