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ORÇAMENTO
Despesa cresceu 31% nos 2 primeiros anos de governo Lula, diz estudo
Gasto social não muda desigualdade
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionados sobretudo pelos
benefícios da Previdência, os gastos sociais do governo cresceram
31% nos dois primeiros anos de
mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas esse aumento pouco contribuiu para reduzir
a desigualdade de renda no país. É
a principal conclusão a que chega
o estudo "Orçamento Social do
Governo Federal", que abrange
um período de quatro anos e foi
divulgado ontem pelo Ministério
da Fazenda. As despesas não foram corrigidas pela inflação.
Em linhas gerais, o texto reitera
o diagnóstico lançado nos anos 90
pelo Banco Mundial e encampado pela equipe do ex-ministro da
Fazenda Pedro Malan. A situação
não teria se alterado sob Lula.
"A ação do Estado brasileiro em
arrecadar impostos e transferir
benefícios é ainda pouco eficaz
em reduzir a desigualdade de renda", resume o estudo, assinado
pelo ministro Antonio Palocci e
por Marcos Lisboa, afastado na
quinta passada da Secretaria de
Política Econômica.
Ao longo de quase 40 páginas, o
documento mostra que, apesar
do aumento das transferências de
renda a famílias pobres -de R$
2,4 bilhões em 2002 para 5,8 bilhões em 2004-, o Bolsa-Família
consumiu no ano passado uma
fatia de apenas 2,3% dos gastos
sociais diretos do governo federal.
A maior fatia dos gastos sociais
(51,6%) é consumida pelo pagamento de aposentadorias, pensões e demais benefícios previdenciários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Destaca-se a explosão do auxílio-doença,
pago aos segurados incapacitados
de trabalhar por mais de 15 dias.
Em 2001, pagamentos do benefício consumiram R$ 2,7 bilhões.
Em 2004, atingiram R$ 9,4 bilhões, 62% a mais que o principal
programa social deste governo.
Para o governo, o maior volume
de verbas do Orçamento Social é
destinado aos grupos de maior
renda da sociedade por dois motivos principais: 1) brasileiros mais
pobres têm pouco ou nenhum
trabalho com carteira assinada,
não tendo cobertura da Previdência; 2) a pobreza está concentrada
nas crianças, que não são beneficiárias diretas do sistema.
Diferentemente de uma primeira versão desse estudo, divulgada
em novembro de 2003, a Fazenda
não sugere agora cortes nas deduções de despesas médicas e com
instrução no Imposto de Renda
nem a concessão de um volume
maior de bolsas a estudantes pobres nas universidades privadas.
Tampouco sugere uma nova reforma da Previdência Social. O
texto divulgado ontem se limita
ao diagnóstico.
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