São Paulo, quarta-feira, 03 de maio de 2006

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PT reconhece dívida de R$ 46 mi em 2005

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na primeira prestação de contas à Justiça Eleitoral após o estouro da crise do "mensalão", o PT reconheceu ontem uma dívida acumulada até 31 de dezembro de 2005 de exatos R$ 46.606.308,92.
O PT foi um dos últimos partidos a entregar a prestação de contas na sede do Tribunal Superior Eleitoral, às 18h11 de ontem, apenas 49 minutos antes do prazo final. Nos documentos, a dívida reconhecida é menos da metade da que é cobrada pelo publicitário Marcos Valério de Souza, que quer do partido R$ 100 milhões.
A dívida que o partido reconhece é o que se refere a "caixa 1": débitos com três bancos -BMG, Rural e Banco do Brasil-, com a Coteminas (empresa têxtil da família do vice-presidente, José Alencar) e com a empresa aérea TAM, entre outros.
Os célebres "empréstimos não contabilizados" do ex-tesoureiro Delúbio Soares, que alimentaram o financiamento de partidos da base aliada, não recebem menção na prestação de contas. O PT reconhece apenas o dinheiro tomado por Delúbio, com aval do publicitário Marcos Valério, em empréstimos junto ao BMG e o Rural, que totalizam R$ 5,4 milhões.
"Não tem como reconhecer dívida não contabilizada. Isso não é problema nosso", diz o atual tesoureiro do partido, Paulo Ferreira. Valério cobra na Justiça o que repassou ao PT via caixa 2. Procurado ontem pela reportagem, um de seus advogados afirmou, comentando a prestação de contas petista, que a Justiça há de demonstrar a existência do débito.
Os documentos apresentados ontem à Justiça mostram que o PT teve quedas expressivas na comparação com 2004 em todos os itens de sua prestação de contas (veja quadro). Se em 2004 entraram no caixa petista R$ 48,1 milhões, esse montante recuou para R$ 35,59 milhões no ano passado. No item doações de pessoas físicas e jurídicas, o encolhimento é gritante -de R$ 14,27 milhões para R$ 3,33 milhões.
É nítido também o esforço do partido em enxugar suas despesas no ano passado. Na fartura da gestão Delúbio, o partido gastava como nunca. Foram R$ 68,58 milhões despendidos em 2004, e apenas R$ 38,97 milhões em 2005, um corte de 43%.
Tamanho esforço não foi suficiente para evitar que o partido novamente fechasse no vermelho no ano passado, apesar de os R$ 3,37 milhões de déficit em 2005 serem bem menores do que o rombo de 2004, que chegou a R$ 20,47 milhões.


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