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PT reconhece dívida de R$ 46 mi em 2005
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na primeira prestação de contas
à Justiça Eleitoral após o estouro
da crise do "mensalão", o PT reconheceu ontem uma dívida acumulada até 31 de dezembro de
2005 de exatos R$ 46.606.308,92.
O PT foi um dos últimos partidos a entregar a prestação de contas na sede do Tribunal Superior
Eleitoral, às 18h11 de ontem, apenas 49 minutos antes do prazo final. Nos documentos, a dívida reconhecida é menos da metade da
que é cobrada pelo publicitário
Marcos Valério de Souza, que
quer do partido R$ 100 milhões.
A dívida que o partido reconhece é o que se refere a "caixa 1": débitos com três bancos -BMG,
Rural e Banco do Brasil-, com a
Coteminas (empresa têxtil da família do vice-presidente, José
Alencar) e com a empresa aérea
TAM, entre outros.
Os célebres "empréstimos não
contabilizados" do ex-tesoureiro
Delúbio Soares, que alimentaram
o financiamento de partidos da
base aliada, não recebem menção
na prestação de contas. O PT reconhece apenas o dinheiro tomado por Delúbio, com aval do publicitário Marcos Valério, em empréstimos junto ao BMG e o Rural, que totalizam R$ 5,4 milhões.
"Não tem como reconhecer dívida não contabilizada. Isso não é
problema nosso", diz o atual tesoureiro do partido, Paulo Ferreira. Valério cobra na Justiça o que
repassou ao PT via caixa 2. Procurado ontem pela reportagem, um
de seus advogados afirmou, comentando a prestação de contas
petista, que a Justiça há de demonstrar a existência do débito.
Os documentos apresentados
ontem à Justiça mostram que o
PT teve quedas expressivas na
comparação com 2004 em todos
os itens de sua prestação de contas (veja quadro). Se em 2004 entraram no caixa petista R$ 48,1
milhões, esse montante recuou
para R$ 35,59 milhões no ano passado. No item doações de pessoas
físicas e jurídicas, o encolhimento
é gritante -de R$ 14,27 milhões
para R$ 3,33 milhões.
É nítido também o esforço do
partido em enxugar suas despesas
no ano passado. Na fartura da
gestão Delúbio, o partido gastava
como nunca. Foram R$ 68,58 milhões despendidos em 2004, e
apenas R$ 38,97 milhões em 2005,
um corte de 43%.
Tamanho esforço não foi suficiente para evitar que o partido
novamente fechasse no vermelho
no ano passado, apesar de os R$
3,37 milhões de déficit em 2005
serem bem menores do que o
rombo de 2004, que chegou a R$
20,47 milhões.
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