São Paulo, domingo, 03 de maio de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Vespeiro

O explosivo assunto das empresas terceirizadas do Senado, que o ex-diretor João Carlos Zoghbi e sua mulher ameaçaram trazer à tona em entrevista à revista "Época", está longe de preocupar apenas os "agaciboys", como são conhecidos os altos funcionários ligados ao ex-diretor-geral Agaciel Maia.
Nos bastidores da Casa, é dado como certo que os contratos de terceirizadas serviram para irrigar, por fora, campanhas eleitorais de senadores próximos a Agaciel e seus aliados. Daí por que, a despeito da gravidade das denúncias de desmandos administrativos, a começar dos indícios contra Zoghbi, ninguém ainda tenha pronunciado a palavra CPI.




Entre amigos. Um dos senadores mais próximos de Agaciel Maia, Papaléo Paes (PSDB-AP) exibiu dias atrás um punhado de papéis em defesa do ex-diretor-geral, que caiu por esconder uma mansão da Justiça: "Todos sabemos que ele foi condenado de uma maneira cruel".

Série. Com receio do efeito dominó das denúncias, um grupo de ex-diretores do Senado planeja seguir o exemplo do encrencado Zoghbi e pedir a aposentadoria.

Prepostos. Um bom caminho para começar a investigar o contrato das terceirizadas é listar os gestores escolhidos para cada um deles.

Cobras... O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), perdeu a conhecida frieza diante da demissão do irmão Oscar da superintendência da Infraero em Pernambuco. Na votação da MP 449, ameaçou jogar a toalha e disse a colegas que o Planalto o havia "desmoralizado".

...e lagartos. Além do irmão de Jucá, todos os superintendentes regionais ligados a peemedebistas foram demitidos. Como o coro de insatisfação demora alguns dias para chegar a Brasília, a semana promete ser tensa.

Masmorra. Edmar Moreira, o deputado do castelo, reservou boa parte do relatório de defesa que apresentou ao Conselho de Ética para xingar o relator de seu processo na comissão de sindicância, José Eduardo Cardozo (PT-SP).

Família. Às voltas com o mal-estar causado pela primeira sessão de quimioterapia, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) tinha, no início da semana do dia 20, uma preocupação maior: não queria alarmar a mãe, que estava hospedada em sua casa.

Média. Do ponto de vista da agressividade do tratamento, existem basicamente três gradações de quimioterapia. A de Dilma, segundo médico que atende a ministra da Casa Civil, é a intermediária.

Simples assim. Parceiro preferencial para 2010, o PMDB está convencido de que o próximo presidente do PT será mesmo o chefe de gabinete Gilberto Carvalho. "É o único que fala em nome de Lula", diz um cacique peemedebista. "Se não for alguém que fale em nome de Lula, nada será resolvido."

Segurança... Prefeitos do interior paulista procuraram deputados de oposição ao governo de José Serra (PSDB) na Assembleia paulista para organizar ofensiva contra a política penitenciária do Estado. Queixam-se de tomar conhecimento de que seus municípios abrigarão novos presídios apenas por meio do "Diário Oficial", que publica os decretos de desapropriação das áreas. E reivindicam contrapartida do governo em obras de infraestrutura.

...máxima. Segundo levantamento da bancada do PT na Assembleia, o governo paulista publicou 26 decretos desde abril de 2008 e planeja erguer 49 presídios. Além disso, martela a tecla de que, desde maio de 2006, a Secretaria da Administração Penitenciária não divulga os números da população carcerária.

Tiroteio

"Não é certo a sociedade arcar com um ônus ainda maior para atender a setores que deixaram de honrar suas dívidas e já estão recebendo um benefício."

Do líder do PT, ALOIZIO MERCADANTE, sobre as mudanças feitas pelo Senado na MP 449, que derrubaram o limite mínimo para o pagamento de parcelas por aqueles que refinanciarem seus débitos.

Contraponto

Os vivos e os mortos

Francisco Fausto, ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho, é conhecido pelo jeito brincalhão, que continua a exercitar com quem o visita em sua casa em Natal.
Tempos atrás, juízes do TRT potiguar resolveram dar o nome do ministro aposentado à nova sede do tribunal. Mas surgiu um obstáculo: pela lei, apenas mortos podem batizar ruas, monumentos e edifícios. Não demorou muito, porém, e um comunicado do CNJ abriu exceção: também os aposentados podem ser homenageados nos nomes de prédios da Justiça. Beneficiado pela mudança, que viabilizou a homenagem, Fausto brincou:
-Fiquei preocupado com esse desfecho, pois virei um cara que, de aposentado, acabou equiparado aos mortos.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO



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