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São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2003

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PROPINODUTO

Entre os detidos, estão os dois procuradores do jogador Ronaldo

Mais cinco são presos no RJ por suspeita de corrupção

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Foram presas ontem no Rio de Janeiro mais cinco pessoas acusadas de envolvimento com o suposto esquema de corrupção que envolve fiscais e auditores. Entre os detidos, estão os empresários de futebol Reinaldo Pitta e Alexandre Martins, suspeitos de atuar como doleiros do grupo.
Também foram presos os empresários Herry Rosemberg e Ronaldo Adler, donos da Coplac, sucursal carioca do banco suíço DBTC (Discount Bank and Trust Company, hoje Union Bancaire Privée), além de Marlene Rozen, funcionária da Coplac. As contas dos fiscais e auditores no DBTC teriam sido abertas por intermédio da Coplac.
Procuradores de vários jogadores de futebol, entre eles o atacante Ronaldo, Pitta e Martins negaram ter enviado para a Suíça o dinheiro dos fiscais e auditores. O grupo teria remetido ilegalmente pelo menos US$ 33,4 milhões.
Os empresários confessaram que usavam contas bancárias abertas em nome de cinco funcionários de suas empresas para fazer pagamento de jogadores de futebol. Os funcionários disseram à Justiça que não tinham nem mesmo a senha das contas.
Pitta e Martins estão sendo processados pelos crimes de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e fraude na contabilidade.
Rosemberg afirmou que abriu mais de 40 contas no DBTC para seus clientes, cujos nomes não revelou. Nem ele nem o sócio Ronaldo Adler nem a funcionária Marlene Rozen quiseram falar sobre as contas em nomes dos fiscais acusados de corrupção.
A prisão preventiva foi pedida pelo Ministério Público Federal e decretada pelo juiz da 3ª Vara Criminal Federal, Lafredo Lisboa Vieira Lopes. O juiz justificou a prisão como forma de garantia da ordem pública, da conveniência da instrução criminal e da aplicação da lei penal, além do perigo de que os acusados fugissem.
"Com os recursos que têm, podem, sem maiores prejuízos, deixar o Brasil, como outros de conhecimento público já fizeram, ou esconder-se no interior deste país", afirmou o juiz.
Pitta e Martins, que não têm curso superior, seriam levados para o presídio Ary Franco (zona norte). Rosemberg, Adler e Rozen iriam para o Ponto Zero, carceragem da Polícia Civil para presos com nível superior.
O advogado dos empresários Pitta e Martins, Alexandre Dumans, disse que a prisão não foi justa. "É um linchamento", afirmou ele. O advogado de Rosemberg, Adler e Rozen, Arthur Lavigne, disse que a prisão foi "uma represália, porque eles usaram o direito garantido em lei de ficar em silêncio e não denunciar os outros".
Os cinco presos saíram escoltados por policiais federais e foram levados para o Instituto Médico Legal para a realização de exames de corpo de delito. Depois seguiriam para as carceragens.
Vinte e quatro pessoas estão sendo processadas sob acusação de envolvimento com o chamado "propinoduto", suposto esquema de corrupção de fiscais e auditores do Rio de Janeiro.
Oito fiscais e auditores estão presos desde 15 de abril. Com as prisões de ontem, chega a 13 o número de pessoas já presas, entre elas o fiscal Rodrigo Silveirinha Corrêa, subsecretário de Administração Tributária na gestão de Anthony Garotinho (PSB, 1999 a abril de 2002).
Mais cinco fiscais e auditores suspeitos de envolvimento deverão ser interrogados hoje.


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