UOL

São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

No poder, não temos mais a quem culpar, diz Lula

Lula Marques/Folha Imagem
O presidente Lula durante o discurso que abriu a conferência anual da Organização Internacional do Trabalho, em Genebra (Suíça)


CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que ele próprio e o movimento sindical não têm mais bode expiatório para culpar por seus eventuais problemas.
"Nunca tivemos tantos sindicalistas no poder como agora. Não temos mais em cima de quem jogar a culpa de não fazer o que tem que ser feito", disse Lula, no discurso de abertura da conferência anual da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
Só nas mesas principais do auditório da OIT havia quatro ex-sindicalistas: Lula, o ministro do Trabalho, Jacques Wagner, e os deputados petistas Vicente Paulo da Silva (SP) e Paulo Rocha (BA). Sem contar o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), diretor de uma entidade sindical, embora patronal (a Fiesp).
Lula foi saudado com fortes elogios pelo diretor-geral da OIT, o chileno Juan Somavía, amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Mudou de presidente?", brincou a Folha com Somavía, enquanto ele esperava a chegada de Lula. "É que o outro [FHC] nunca veio aqui", respondeu.
Na apresentação de Lula ao plenário, Somavía disse que no final dos anos 70, "uma época sombria na América Latina, surgiu uma nova luz, o companheiro Lula".
Descreveu depois o presidente brasileiro como "um líder que viveu os problemas que hoje tem que resolver". E terminou agradecendo Lula "por acreditar que outro mundo é possível" (alusão ao slogan central dos fóruns sociais que se realizam em Porto Alegre).
No começo do discurso, Lula disse que leria o texto preparado, porque, como se sentia em casa, temia "falar demais" se improvisasse. Improvisou durante 13 minutos, até entrar na leitura do texto, no qual repetiu suas falas sobre a política social e sobre a necessidade de ação política por parte do movimento sindical.
"Estou cada vez mais convencido de que, neste mundo globalizado, o mundo do trabalho precisa ser menos corporativo e cada vez mais político", disse.
Completou: "Não é para pedir que se filiem a algum partido político. É para ter consciência de que muitas coisas que acontecem no mundo do trabalho dependem do que acontece fora dele".


Texto Anterior: Encontro não resolve impasse sobre patentes
Próximo Texto: Frase
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.