DO ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA

O presidente Lula testou ontem o seu capital político em círculos que sempre foram muito próximos ao PT, mas poderiam ter reservas, agora, em relação à guinada para o centro do seu governo.
Passou no teste. A reunião com o Fórum Social da região de Léman foi às vezes algo áspera, mas, segundo o próprio Lula, tratou-se de um encontro com "companheiros que querem contribuir para o acerto de nossas políticas".
Um segundo teste veio na figura de Zelinda Madalena de Jesus, cozinheira da residência oficial do embaixador brasileiro em Genebra, 53 anos, 20 deles como militante da CUT: "Sou tão apaixonada que trouxe meu baú de recordações", disse a mineira de Passa Vinte, há 11 anos em Genebra.
Levada pelo ministro do Trabalho, Jaques Wagner, Zelinda conseguiu falar com Lula e saiu mais emocionada do que estava durante a espera.
Já as ONGs que estiveram com o presidente trataram de temas mais áridos. "Discutimos problemas da Alca, da Organização Mundial do Comércio", relatou depois o presidente.
As ONGs do Fórum Social são, em geral, contrárias a negociar a Alca, ao passo que o governo brasileiro mantém a negociação.
Lula repetiu aos representantes das ONGs o que já dissera na semana anterior: "Como os EUA preferem discutir os temas sensíveis para eles na OMC, o Brasil também se dá o direito de levar".
(CLÓVIS ROSSI)


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