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Divididos pelo Iraque, países afinam discurso de rejeição às armas de destruição em massa e fazem críticas a Coréia do Norte e Irã
G8 tenta cicatrizar racha e condena terror
ENVIADA ESPECIAL A EVIAN
Divididos quanto à guerra ao
Iraque, os países do Grupo dos
Oito buscaram cicatrizar o racha
diplomático ontem e afinar o discurso de repúdio ao terrorismo e
à proliferação de armas de destruição em massa.
Os presidentes dos EUA, George W. Bush, e da França, Jacques
Chirac, esbanjaram demonstrações de apreço mútuo, durante
um encontro reservado, em Evian
(França). Chirac liderou o bloco
de opositores ao conflito, que
contava ainda com a Alemanha e
a Rússia. Dentro do G8, o principal aliado norte-americano é o
Reino Unido.
Em um comunicado, os líderes
dos países disseram que a disseminação de armas nucleares e
biológicas, além do terrorismo,
era "a ameaça proeminente para a
segurança internacional".
Em mais um sinal de cicatrização das divergências, a declaração
diz que, para lidar com essa ameaça, há uma série de instrumentos,
como a Agência Internacional de
Energia Atômica, a cooperação
internacional e esforços diplomáticos, e, "se necessário, outras medidas em acordo com a legislação
internacional".
O comunicado citou, com pontos de preocupação, os programas nucleares da Coréia do Norte
e do Irã. Os dois países, ao lado do
Iraque do então ditador Saddam
Hussein, representam justamente
o chamado "eixo do mal", como
classificou Bush.
Segundo a declaração, o programa de enriquecimento de urânio
e plutônio da Coréia do Norte e a
falta de cumprimento de suas
obrigações com a Agência Internacional de Energia Atômica
(AIEA) são um desrespeito às resoluções internacionais.
"Instamos fortemente a Coréia
do Norte a desmantelar qualquer
programa de armas nucleares de
forma visível, verificável e irreversível, um passo fundamental para
facilitar uma ampla solução pacífica", diz o G8.
Sobre o Irã, a declaração diz que
não serão ignoradas "as implicações do avançado programa nuclear" do país, sublinhando a importância do "total cumprimento
do Irã com suas obrigações dentro do NTP" (tratado de não-proliferação, na sigla em inglês). "Instamos o Irã a assinar e implementar um protocolo adicional com a
AIEA, sem atrasos ou condições.
Oferecemos forte apoio a um exame amplo do programa nuclear."
A AIEA é a agência da ONU
(Organização das Nações Unidas)
que trata do controle de programas nucleares.
Em entrevista no fim do dia, o
presidente francês disse que, em
relação à Coréia do Norte, todos
conhecem a posição da França,
que espera o controle do programa pela AIEA. Chirac afirmou
que a perspectiva de aquisição de
armas nucleares pelo Irã preocupa a todos, ressaltando que, "pela
diplomacia", os líderes do G8
querem que o país aceite o controle pela AIEA.
Moscou vem ajudando o Irã a
desenvolver um reator, mas, segundo Chirac, "a cooperação com
a Rússia não é para ajudar a conquistar um potencial militar".
Diplomatas citados por agências dizem que, durante a reunião,
o presidente da Rússia, Vladimir
Putin, assumiu o compromisso
de suspender todas as exportações nucleares até que o Irã assine
um protocolo adicional com a
AIEA. Essa seria uma indicação
de que também as relações da
Rússia com os EUA estariam
avançando.
Na troca de gentilezas públicas,
a França anunciou que vai mandar um novo contingente militar
ao Afeganistão, que vai operar em
conjunto com os americanos.
Bush, ao lado de Chirac, disse entender que precisaria "trabalhar
com nossos amigos, como a França", para avançar nas negociações
de paz do Oriente Médio.
Chirac disse que era um prazer
receber o americano e desejou o
sucesso ao plano de paz de Bush,
mas reconheceu que as relações
dos dois tinham passado por "um
período difícil".
(MARIA LUIZA ABBOTT)
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