São Paulo, quarta-feira, 03 de junho de 2009

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Procuradoria denuncia à Justiça mulher de Paulinho

Elza Pereira é acusada de lavagem de dinheiro por ceder conta para receber R$ 37 mil

Denúncia foi baseada na Operação Santa Tereza, da PF, que investigou supostos desvios no uso de recursos emprestados pelo BNDES


FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Federal em São Paulo denunciou à Justiça, sob acusação de lavagem de dinheiro, Elza Pereira, mulher do deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT), o Paulinho da Força Sindical.
A Procuradoria fez uma complementação à denúncia (acusação formal) feita em maio de 2008, por conta da Operação Santa Tereza, da Polícia Federal, que investigou supostos desvios na aplicação de recursos emprestados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Segundo a denúncia do Ministério Público, Elza Pereira permitiu a utilização da conta da ONG Meu Guri, presidida por ela, para ocultar uma parcela de valores desviados. João Pedro de Moura, ex-assessor de Paulinho acusado de ser um dos beneficiários dos recursos, teria depositado R$ 37,5 mil.
A Operação Santa Tereza começou em 2007, com investigação sobre exploração de prostituição e tráfico de pessoas. Nas interceptações telefônicas autorizadas judicialmente, a PF se deparou com conversas sobre financiamentos públicos, reuniões com políticos e pagamentos de comissões.
Segundo o Ministério Público, houve fraude em financiamentos do BNDES, um de R$ 130 milhões para obras da Prefeitura de Praia Grande e dois para a rede de lojas Marisa (R$ 220 milhões). Os desvios chegariam a R$ 3 milhões.
A PF levantou indícios da participação de Paulinho, que chegou a enfrentar processo no Conselho de Ética na Câmara. Foi absolvido. Por conta do foro privilegiado do deputado, um inquérito foi aberto pelo Supremo Tribunal Federal.
Entre os novos denunciados está, além de Elza Pereira, Alberto Mourão, ex-prefeito de Praia Grande (Baixada Santista). O inquérito tramitava no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por ele ter foro privilegiado até o fim de seu mandato em 2008. Mourão é acusado de participar de reuniões nas quais autorizou o desvio de 2% da verba do financiamento.
A Procuradoria fez novas acusações contra quatro réus no processo que já tramita na 2ª Vara Federal Criminal de São Paulo. João Pedro de Moura, por exemplo, teve nova acusação de lavagem de dinheiro.
Já o advogado Ricardo Tosto, ex-conselheiro do BNDES nomeado pela Força Sindical, foi denunciado por lavagem de dinheiro (em 2008 foi por formação de quadrilha e desvio na aplicação de financiamento).
Segundo a denúncia, o advogado recebeu quatro cheques da empresa Progus, totalizando R$ 182 mil. O dinheiro viria dos financiamentos do BNDES.
A procuradora Adriana Scordamaglia disse não descartar a participação de algum funcionário do BNDES.


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