São Paulo, Quinta-feira, 03 de Junho de 1999
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PESQUISA DATAFOLHA
Para 85% dos paulistanos, a Folha agiu bem ao divulgar o conteúdo das fitas sobre o leilão da Telebrás
Para 58%, FHC agiu mal na privatização

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local


A maioria absoluta dos paulistanos (58%) acha que o presidente Fernando Henrique Cardoso agiu mal ao concordar que seu nome fosse usado para favorecer um dos consórcios que participava do leilão da Telebrás, no ano passado.
É o que mostra pesquisa Datafolha feita na terça-feira na cidade de São Paulo. Foram entrevistadas 1.067 pessoas. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
A avaliação do presidente continua em baixa na capital paulista: 49% acham seu governo ruim ou péssimo, contra 37% que o consideram regular e 11% que o avaliam como bom ou ótimo.
No levantamento anterior, feito em 7 de abril, esses percentuais eram de 48%, 37% e 13%, respectivamente. Todas as oscilações estão dentro da margem de erro.
A nota média dada ao governo FHC pelos paulistanos, entretanto, caiu de 4,5 (em uma escala de 0 a 10) para 4, entre o dia 28 de janeiro e anteontem.

Fitas
A pesquisa mostra também um amplo apoio da população à atitude da Folha de publicar o conteúdo das fitas que resultaram dos grampos telefônicos ilegais por meio dos quais foram gravadas as conversas do presidente.
Para 85% dos paulistanos o jornal agiu bem ao divulgar o conteúdo das fitas. Só 9% acham que a Folha agiu mal. Há 1% para os quais a divulgação é indiferente, e 4% que não souberam responder.
As perguntas do Datafolha se referem principalmente à conversa entre FHC e o então presidente do BNDES, André Lara Resende, às vésperas do leilão da Telebrás.
No diálogo "grampeado", o presidente autoriza Resende a usar seu nome para pressionar a Previ (fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil) para entrar no consórcio liderado pelo Banco Opportunity.
Cerca de metade da população paulistana (48%) tomou conhecimento do conteúdo das conversas gravadas. Esse percentual se divide entre 10% que se consideram bem informados, 29% que se acham mais ou menos informados e 8% que se dizem mal informados.
Desses 48%, a maioria (70%) acha que o presidente participou de operação para favorecer alguma empresa no leilão da Telebrás.
Também por essa razão, a maioria absoluta do total dos paulistanos (inclusive os que não haviam tomado conhecimento do grampo) é a favor de que seja aberta uma CPI para investigar a privatização da Telebrás: 82% são favoráveis, 10% são contra, 3% são indiferentes e 5% não sabem.
O percentual dos que condenam a atitude do presidente é maior (67%) entre os paulistanos que haviam tomado conhecimento prévio do conteúdo das conversas grampeadas do que entre os que ignoravam o assunto (49%).
O fato de o entrevistado ter tido notícia das conversas gravadas do presidente e seus auxiliares tem pouca influência sobre o apoio à CPI da Telebrás: 84% dos que tomaram conhecimento apóiam a comissão, contra 80% entre os que não tomaram conhecimento.


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