São Paulo, Quinta-feira, 03 de Junho de 1999
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CPI DO JUDICIÁRIO
Dado é da Tele Centro Oeste
Juiz ligou 29 vezes a Estevão, diz ofício

da Sucursal de Brasília

A Tele Centro Oeste, que comprou a empresa telefônica de Brasília, enviou ontem à CPI do Judiciário ofício informando que o senador e empresário Luiz Estevão (PMDB-DF) recebeu 29 telefonemas do juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto entre 94 e 98.
O tempo de cada ligação varia. Há ligações que duram quase um minuto. A mais longa delas chega a 3 minutos e 36 segundos.
Anteontem, a empresa havia informado que, nesse período, o senador havia recebido apenas quatro ligações de Santos Neto. Estevão convocou a imprensa para mostrar o documento, já que ele desmentia informação anterior enviada pela Telefônica (de São Paulo) de que Santos Neto telefonara 48 vezes para seus telefones.
Segundo o ofício enviado ontem, houve um problema nos registros da Tele Centro Oeste e, de acordo com o novo levantamento, foram feitas mais 25 ligações, além das 4 informadas inicialmente.
Santos Neto presidia o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo quando foi contratada a empresa Incal Incorporações para construir o Fórum Trabalhista de São Paulo.
A Incal, além de não ter participado da licitação, criou uma outra empresa, a Ikal Construções, para tocar a obra. Inacabada e abandonada no ano passado, a construção já consumiu R$ 230 milhões de recursos públicos.
A CPI do Judiciário concluiu que R$ 132 milhões foram desviados. Santos Neto é acusado de enriquecimento ilícito e de desvio de recursos públicos pelo Ministério Público de São Paulo.
Ouvido pela Folha, o senador disse que o novo extrato só comprova suas afirmações anteriores, pois a duração da maioria dos telefonemas não permitiria diálogo.
A CPI só vai decidir se convoca ou não Luiz Estevão após os depoimentos dos empresários Fábio Monteiro de Barros Filho e José Eduardo Ferraz, sócios da Incal e da Ikal.
As empresas de Estevão têm negócios com a Incal e Ikal, segundo informações do próprio empresário. Ele disse que quer "mostrar a inexistência de qualquer pleito meu de verbas para esse tribunal (TRT-SP)".
(FLÁVIA DE LEON)


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