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CPI DO JUDICIÁRIO
Dado é da Tele Centro Oeste
Juiz ligou 29 vezes a Estevão, diz ofício
da Sucursal de Brasília
A Tele Centro Oeste, que comprou a empresa telefônica de Brasília, enviou ontem à CPI do Judiciário ofício informando que o senador e empresário Luiz Estevão
(PMDB-DF) recebeu 29 telefonemas do juiz aposentado Nicolau
dos Santos Neto entre 94 e 98.
O tempo de cada ligação varia.
Há ligações que duram quase um
minuto. A mais longa delas chega a
3 minutos e 36 segundos.
Anteontem, a empresa havia informado que, nesse período, o senador havia recebido apenas quatro ligações de Santos Neto. Estevão convocou a imprensa para
mostrar o documento, já que ele
desmentia informação anterior
enviada pela Telefônica (de São
Paulo) de que Santos Neto telefonara 48 vezes para seus telefones.
Segundo o ofício enviado ontem,
houve um problema nos registros
da Tele Centro Oeste e, de acordo
com o novo levantamento, foram
feitas mais 25 ligações, além das 4
informadas inicialmente.
Santos Neto presidia o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de
São Paulo quando foi contratada a
empresa Incal Incorporações para
construir o Fórum Trabalhista de
São Paulo.
A Incal, além de não ter participado da licitação, criou uma outra
empresa, a Ikal Construções, para
tocar a obra. Inacabada e abandonada no ano passado, a construção
já consumiu R$ 230 milhões de recursos públicos.
A CPI do Judiciário concluiu que
R$ 132 milhões foram desviados.
Santos Neto é acusado de enriquecimento ilícito e de desvio de recursos públicos pelo Ministério
Público de São Paulo.
Ouvido pela Folha, o senador
disse que o novo extrato só comprova suas afirmações anteriores,
pois a duração da maioria dos telefonemas não permitiria diálogo.
A CPI só vai decidir se convoca
ou não Luiz Estevão após os depoimentos dos empresários Fábio
Monteiro de Barros Filho e José
Eduardo Ferraz, sócios da Incal e
da Ikal.
As empresas de Estevão têm negócios com a Incal e Ikal, segundo
informações do próprio empresário. Ele disse que quer "mostrar a
inexistência de qualquer pleito
meu de verbas para esse tribunal
(TRT-SP)".
(FLÁVIA DE LEON)
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