São Paulo, Quinta-feira, 03 de Junho de 1999
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Depoimentos divergem sobre horário das mortes

da Agência Folha, em Maceió

Se forem verdadeiros os depoimentos dados à polícia na semana passada pelo chefe da segurança de PC Farias, Flávio Almeida, e um amigo próximo, o advogado Iran Nunes, eles souberam das mortes de PC e Suzana Marcolino antes da "descoberta oficial" dos corpos.
Reinaldo de Lima Filho, cabo da PM e coordenador operacional da segurança de PC, afirmou em 1996 ter forçado a janela do quarto onde o empresário e Suzana estavam na casa de praia de Guaxuma, em Maceió, "por volta das 11h".
Na quinta-feira passada, no entanto, Flávio Almeida, ao depor, assegurou ter sabido das mortes às 10h, quando estava em Pão de Açúcar, cidade do interior alagoano.
Meia hora depois, segundo o próprio Almeida, que também era secretário particular e o homem de maior confiança de PC, um funcionário do empresário telefonou-lhe dizendo que Suzana matara PC e se suicidara em seguida.
Na sexta-feira, Iran Nunes afirmou à polícia ter sido informado às 10h, pela irmã do amigo Flávio, sobre as mortes. Nunes também estaria em Pão de Açúcar.
Segundo as versões de seguranças, funcionários que estavam na casa de praia e parentes de PC, os corpos foram encontrados sobre a cama por Lima Filho, que definiu o horário em cerca de 11h.
As pessoas que estavam na casa dizem que não ouviram os dois tiros que mataram PC e Suzana, embora dois laudos afirmem que o som era audível.
De acordo com laudo da legista Maria Thereza Pacheco, com base nos resíduos alimentares nos estômagos de PC e Suzana, ele morreu entre 1h e 2h do dia 23 de junho de 1996. Suzana, de 5h às 7h.
Nos relatos sobre o horário em que souberam das mortes, há outros testemunhos curiosos.
O deputado Augusto Farias (PPB-AL), irmão de PC, afirma ter recebido telefonema de Reinaldo Lima Filho entre 12h e 12h10.
Não se sabe por que nenhum segurança não gastou menos de 15 minutos de carro para dar a notícia no apartamento onde o deputado estava, já que os corpos teriam sido encontrados às 11h, depois de, em Pão de Açúcar, Flávio Almeida e Iran Nunes já estarem informados, segundo o que disseram à polícia.
Há mais contradições: a mãe de Suzana, Maria Auxiliadora Bráulio, afirmou que Cláudia Daniele Silva, então namorada do segurança Lima Filho e funcionária da butique da namorada de PC, lhe disse que soube das mortes por volta das 7h daquele dia.
Quem a teria informado sobre as mortes teria sido Lima Filho, por meio de um telefonema, conforme relato que a mãe de Suzana assegura ter ouvido. Cláudia depôs na manhã de ontem e negou a versão de Maria Auxiliadora Bráulio.
O delegado Alcides Andrade disse que vai pedir a quebra do sigilo telefônico de Cláudia. "Vamos fazer essa confrontação", disse.
Então secretário da Segurança de Alagoas na época das mortes, José Amaral, 72, disse que tomou conhecimento do caso às 12h30. (MÁRIO MAGALHÃES e PAULO PEIXOTO)


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