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Depoimentos divergem sobre horário das mortes
da Agência Folha, em Maceió
Se forem verdadeiros os depoimentos dados à polícia na semana
passada pelo chefe da segurança de
PC Farias, Flávio Almeida, e um
amigo próximo, o advogado Iran
Nunes, eles souberam das mortes
de PC e Suzana Marcolino antes da
"descoberta oficial" dos corpos.
Reinaldo de Lima Filho, cabo da
PM e coordenador operacional da
segurança de PC, afirmou em 1996
ter forçado a janela do quarto onde
o empresário e Suzana estavam na
casa de praia de Guaxuma, em Maceió, "por volta das 11h".
Na quinta-feira passada, no entanto, Flávio Almeida, ao depor,
assegurou ter sabido das mortes às
10h, quando estava em Pão de Açúcar, cidade do interior alagoano.
Meia hora depois, segundo o
próprio Almeida, que também era
secretário particular e o homem de
maior confiança de PC, um funcionário do empresário telefonou-lhe
dizendo que Suzana matara PC e se
suicidara em seguida.
Na sexta-feira, Iran Nunes afirmou à polícia ter sido informado
às 10h, pela irmã do amigo Flávio,
sobre as mortes. Nunes também
estaria em Pão de Açúcar.
Segundo as versões de seguranças, funcionários que estavam na
casa de praia e parentes de PC, os
corpos foram encontrados sobre a
cama por Lima Filho, que definiu o
horário em cerca de 11h.
As pessoas que estavam na casa
dizem que não ouviram os dois tiros que mataram PC e Suzana, embora dois laudos afirmem que o
som era audível.
De acordo com laudo da legista
Maria Thereza Pacheco, com base
nos resíduos alimentares nos estômagos de PC e Suzana, ele morreu
entre 1h e 2h do dia 23 de junho de
1996. Suzana, de 5h às 7h.
Nos relatos sobre o horário em
que souberam das mortes, há outros testemunhos curiosos.
O deputado Augusto Farias
(PPB-AL), irmão de PC, afirma ter
recebido telefonema de Reinaldo
Lima Filho entre 12h e 12h10.
Não se sabe por que nenhum segurança não gastou menos de 15
minutos de carro para dar a notícia
no apartamento onde o deputado
estava, já que os corpos teriam sido
encontrados às 11h, depois de, em
Pão de Açúcar, Flávio Almeida e
Iran Nunes já estarem informados,
segundo o que disseram à polícia.
Há mais contradições: a mãe de
Suzana, Maria Auxiliadora Bráulio, afirmou que Cláudia Daniele
Silva, então namorada do segurança Lima Filho e funcionária da butique da namorada de PC, lhe disse
que soube das mortes por volta das
7h daquele dia.
Quem a teria informado sobre as
mortes teria sido Lima Filho, por
meio de um telefonema, conforme
relato que a mãe de Suzana assegura ter ouvido. Cláudia depôs na
manhã de ontem e negou a versão
de Maria Auxiliadora Bráulio.
O delegado Alcides Andrade disse que vai pedir a quebra do sigilo
telefônico de Cláudia. "Vamos fazer essa confrontação", disse.
Então secretário da Segurança de
Alagoas na época das mortes, José
Amaral, 72, disse que tomou conhecimento do caso às 12h30.
(MÁRIO MAGALHÃES e PAULO PEIXOTO)
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