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Justiça de SP investigará Pontal
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE
O Ministério Público de São
Paulo irá investigar, a pedido do
governo do Estado, possíveis casos de incitação à violência na região do Pontal do Paranapanema
tanto por parte dos sem-terra como pelo lado dos ruralistas.
O procurador-geral de Justiça,
Luiz Antônio Guimarães Marrey,
disse que será investigado também o fechamento da prefeitura
de Sandovalina (624 km a oeste de
São Paulo), pelo prefeito Divaldo
Pereira de Oliveira (PMDB). Segundo o procurador-geral, a atitude é passível de intervenção.
"Simplesmente fechar a prefeitura e dizer "não vou trabalhar", isso não é possível. Sujeitaria o município à intervenção e à responsabilização de seu titular", disse
Marrey.
Em resposta, Oliveira disse não
temer uma ação do Estado no
município e, em tom de ironia,
afirmou que "seria bom que o Estado fiscalizasse a prefeitura".
"Estou tranquilo, pois não devo
nada", disse o prefeito.
Anteontem, Oliveira decretou
estado de emergência no município e paralisou todo o atendimento ao público. Segundo ele, com o
aumento no número de sem-terra
acampados em Sandovalina, a
prefeitura está sem condições de
atender à população.
O secretário de Justiça de São
Paulo, Alexandre de Moraes, responsável pela articulação política
da reforma agrária no Estado, esteve ontem na Procuradoria de
Justiça para entregar a Marrey a
representação que pede a investigação no Pontal, foco histórico de
conflito agrário no Estado.
Segundo Moraes, o pedido foi
motivado pelas declarações feitas
pelo líder do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) José Rainha Jr., que comparou a situação do Pontal à de
Canudos, pelo fechamento da
prefeitura de Sandovalina, e por
notícias de criação de milícias armadas por fazendeiros.
"Estamos dialogando com os
sem-terra e com os proprietários
rurais. Não podemos admitir que,
de ambos os lados, haja um acirramento e incitação à violência",
disse Moraes.
O secretário pediu também que
fossem investigadas algumas organizações que, mesmo sem ligação direta com movimentos de
sem-terra, estariam financiando e
incentivando invasões no Pontal.
"Isso mostra que há um conluio
para desestabilizar a região", disse
o secretário.
Presidente Prudente
O MST promete acampar nas
proximidades de Presidente Prudente (565 km a oeste de São Paulo) caso o prefeito Agripino Lima
(PTB) tente impedir a "marcha
pela terra" anunciada por José
Rainha Jr.
O movimento ainda não marcou a data da marcha, que deve
ser definida apenas quando o
acampamento de Presidente Epitácio contar com o número de
5.000 famílias inscritas, objetivo
que o MST pretende alcançar até
agosto.
Segundo os sem-terra, o acampamento encerrou o dia com cerca de 3.400 famílias cadastradas.
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