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São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2003

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ANÁLISE

Política da trégua fracassou

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Se não pode controlá-los, tente seduzi-los. Essa foi a estratégia aplicada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no encontro com a cúpula do MST.
A avaliação do governo é que não adianta endurecer com o MST, sob pena de incentivar ainda mais as invasões e os saques. Em outras palavras: fracassou a tentativa de trégua, objetivo que se buscou com a indicação de Miguel Rossetto para ministro do Desenvolvimento Agrário.
Na formação do ministério, Lula avaliou que Rossetto, pelas suas ligações com a esquerda petista e com a cúpula do MST, seria a nomeação ideal para acalmar o movimento. Internamente, falava-se em trégua de seis meses.
Na opinião da cúpula do governo, Rossetto atuou mal e está na lista de ministros que não deram certo. Primeiro, trouxe para a máquina do ministério, o Incra, muita gente ligada ao próprio MST. Teria sido um erro, por ter acabado com a linha divisória entre governo e movimento social.
Ainda de acordo com a cúpula do governo, outro fator contribuiu para minar a política de Rossetto: a chamada capilaridade do MST e seus satélites hoje torna impossível para a cúpula controlar as invasões e os saques.
Com José Rainha Jr., no Pontal do Paranapanema, funcionou o pito da cúpula do MST, dizem auxiliares de Lula. Mas o que fazer com lideranças pobres, quase anônimas, de Pernambuco?
Daí ter entrado em campo o "Lulinha paz e amor" ontem. Na visão do Planalto, melhor do que partir para a briga é vender ao MST que Lula é um presidente comprometido com as bandeiras do movimento. Foi isso que levou o governo a dizer ontem que tratará com atenção a reforma agrária, repetindo promessas de assentamento e de assistência.
Auxiliares acharam ruim Lula ter colocado um boné do MST no Planalto. A imagem certamente servirá aos que argumentam que há leniência do governo em relação ao MST. Mas Lula, num misto de afetividade e de cálculo político, quis deixar claro que continua ao lado dos "excluídos". Uma das mensagens que Lula quer combater é a de que traiu os seus ideais, como apregoam Leonel Brizola e setores do funcionalismo.


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