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ANÁLISE
Política da trégua fracassou
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Se não pode controlá-los, tente
seduzi-los. Essa foi a estratégia
aplicada ontem pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva no encontro com a cúpula do MST.
A avaliação do governo é que
não adianta endurecer com o
MST, sob pena de incentivar ainda mais as invasões e os saques.
Em outras palavras: fracassou a
tentativa de trégua, objetivo que
se buscou com a indicação de Miguel Rossetto para ministro do
Desenvolvimento Agrário.
Na formação do ministério, Lula avaliou que Rossetto, pelas suas
ligações com a esquerda petista e
com a cúpula do MST, seria a nomeação ideal para acalmar o movimento. Internamente, falava-se
em trégua de seis meses.
Na opinião da cúpula do governo, Rossetto atuou mal e está na
lista de ministros que não deram
certo. Primeiro, trouxe para a máquina do ministério, o Incra, muita gente ligada ao próprio MST.
Teria sido um erro, por ter acabado com a linha divisória entre governo e movimento social.
Ainda de acordo com a cúpula
do governo, outro fator contribuiu para minar a política de Rossetto: a chamada capilaridade do
MST e seus satélites hoje torna
impossível para a cúpula controlar as invasões e os saques.
Com José Rainha Jr., no Pontal
do Paranapanema, funcionou o
pito da cúpula do MST, dizem auxiliares de Lula. Mas o que fazer
com lideranças pobres, quase
anônimas, de Pernambuco?
Daí ter entrado em campo o
"Lulinha paz e amor" ontem. Na
visão do Planalto, melhor do que
partir para a briga é vender ao
MST que Lula é um presidente
comprometido com as bandeiras
do movimento. Foi isso que levou
o governo a dizer ontem que tratará com atenção a reforma agrária, repetindo promessas de assentamento e de assistência.
Auxiliares acharam ruim Lula
ter colocado um boné do MST no
Planalto. A imagem certamente
servirá aos que argumentam que
há leniência do governo em relação ao MST. Mas Lula, num misto
de afetividade e de cálculo político, quis deixar claro que continua
ao lado dos "excluídos". Uma das
mensagens que Lula quer combater é a de que traiu os seus ideais,
como apregoam Leonel Brizola e
setores do funcionalismo.
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