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BASE ALIADA
Estopim foi declaração do presidente, que chamou Geraldo Magela de "futuro governador do Distrito Federal"
Por Roriz, PMDB ameaça romper com Lula
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em nota divulgada após breve
reunião ontem em Brasília, o
PMDB ameaçou romper a aliança
que fez com o governo, caso o PT
do Distrito Federal insista em tentar cassar o mandato do governador do Distrito Federal, o peemedebista Joaquim Roriz. Com 68
deputados e 22 senadores, o apoio
da sigla é decisivo para a aprovação das reformas.
A nota do PMDB foi provocada
por uma declaração que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
deu na sexta-feira passada, num
encontro com vereadores e deputados estaduais do PT. Ao saudar
o candidato derrotado ao governo do Distrito Federal, o petista
Geraldo Magela, Lula disse: "Meu
querido, se Deus quiser, futuro
governador de Brasília, Geraldo
Magela".
"O PMDB nacional lamenta e
repudia a atitude do PT do Distrito Federal, cuja ação política põe
em risco a aliança formalizada pelo partido com o governo federal,
podendo significar abalo à governabilidade do país", diz a nota, assinada em primeiro lugar pelo
presidente da legenda, Michel Temer (SP), e pelos líderes na Câmara, Eunício Oliveira (CE), e no Senado, Renan Calheiros (AL).
O PMDB afirma que das 35
ações movidas contra o governador, "imotivadas juridicamente",
28 foram julgadas "e consideradas improcedentes pelo Tribunal
Regional Eleitoral por absoluta
falta de provas". A nota cita também decisão do STF (Supremo
Federal) que negou ao PT uma liminar para afastar Roriz.
Apoio frágil
Apesar do tom contundente da
nota, é pouco provável que o
PMDB rompa a aliança com o governo federal. Ainda assim, o
apoio da legenda ao Planalto é
considerado frágil.
Os caciques da legenda decidiram apoiar o Planalto numa tentativa de preservar o partido, que
corria o risco de perder quadros
para outras siglas governistas. O
apoio deveria ser sedimentado
com cargos, na expectativa do
PMDB, correspondente ao tamanho da legenda, inclusive dois ministérios.
Ocorre que nem mesmo as "migalhas" -diretorias em bancos e
órgãos federais prometidas- saíram até agora. Uma das poucas
exceções foi a nomeação do ex-senador Sérgio Machado para dirigir a Transpetro, uma subsidiária
da Petrobras, que atende a indicação do líder Renan, mas rende
poucos votos na bancada.
A decisão da Executiva reflete a
disputa entre as duas siglas em
Brasília, mas também a insatisfação do PMDB com a demora na
distribuição dos cargos prometidos pelo Planalto.
Os peemedebistas agora querem também indicar um diretor
para a ANP (Agência Nacional de
Petróleo), no lugar do ex-deputado Luiz Salomão, indicação rejeitada pelo Senado numa votação
em que o PMDB, comandado por
Sarney, teve influência decisiva.
Roriz e Sarney
A nota do PMDB foi arrancada
por Roriz por meio do presidente
do Senado, José Sarney (AP), que
é seu amigo e foi o primeiro a nomeá-lo para o governo de Brasília,
quando ocupava a Presidência da
República (1985-1990). Sarney
conversou com Temer, os líderes
e o governador em sua casa, na
véspera. A Executiva apenas
chancelou a decisão.
A ameaça da Executiva Nacional reflete ainda o clima de radicalização entre PMDB e PT que domina a política de Brasília. Roriz
foi o único governador a não
comparecer ao encontro de Lula
com os governadores do Estado
para discutir as reformas. Ele citou a frase que Lula havia dito na
sexta-feira a favor de Magela como justificativa pela ausência.
Roriz também não foi ao lançamento do programa Primeiro
Emprego. Mandou em seu lugar a
vice Maria de Lourdes Abadia, do
PSDB, que foi vaiada por petistas
em pleno Planalto.
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