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São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2003

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PT X PT

Senador pede "calma" a colega; partido exige gesto de conciliação da petista

Suplicy tenta reverter no PT punição contra Helena

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao manifestar publicamente seu sentimento de "mal-estar" como integrante da bancada do PT no Senado após o afastamento de Heloísa Helena (AL), Eduardo Suplicy recebeu uma série de telefonemas de estrelas petistas -entre elas o ministro Antonio Palocci Filho- e conseguiu criar clima político para rediscutir a situação da senadora na próxima semana.
Da tribuna do Senado, Suplicy, ao informar que, em conversa com o líder da bancada, Tião Viana (AC), havia confirmado a nova reunião, pediu "calma" a Heloísa Helena, lembrando que ela às vezes "bate fortemente" no governo e que, em alguns momentos, é necessário amadurecer posições no debate interno do partido.
O clima, porém, parece não ser tão tranquilo como Suplicy informou na tribuna ontem, quase comemorando a conquista ao cantar, no final do discurso, o hino do Santos Futebol Clube -que à noite perdeu a final da Copa Libertadores da América para o argentino Boca Juniors.
"Nós vamos debater, como sempre fizemos no partido. Mas não há decisão a reconsiderar, a menos que ela [Heloísa Helena] assuma o compromisso de votar com o partido", afirmou Viana.
O mesmo compromisso cobrou o presidente do PT, José Genoino, que esteve ontem de manhã no gabinete de Suplicy.
"Eu disse ao senador que ela precisa fazer um gesto de conciliação com o PT e com a bancada, assumindo publicamente que acatará as decisões tomadas pelo partido", declarou Genoino.
Ainda no plenário, recém-chegada de Salvador, onde acompanhou uma programação do PT estadual, Heloísa Helena disse que pode ter "defeitos" e por vezes haver cometido "exageros", mas que está com a consciência tranquila sobre seus posicionamentos políticos, que teriam respaldo no estatuto do partido.
Em seguida, fez um apelo, justamente na linha que o líder Viana quer evitar: "Pelo amor de Deus: não peçam para eu ser cínica e dissimulada, para votar algo que eu nem sei como vai chegar a essa Casa", numa referência ao projeto de reforma da Previdência.
Informada pela imprensa de que Viana descartara a possibilidade de rever seu afastamento, a não ser por uma determinação de instâncias superiores do PT, a senadora disse que, então, não haveria razão para o novo encontro. "Para quê?", questionou.
Na terça-feira, o líder Viana convocou a reunião da bancada que concluiu, por oito votos a quatro, pelo afastamento da senadora. O PT tem 14 senadores.
O deputado Tarcísio Zimmermann (PT-RS) e a senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) organizaram um ato de solidariedade a Heloísa Helena.
O ato reuniu 13 deputados, três senadores (contando com Helena) e representantes de 13 entidades sindicais, em sua maioria de servidores.


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