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Helena diz que não quer "bajular" Lula
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Menos de 24 horas depois de ser
punida pelo PT, a senadora Heloísa Helena (AL) disse ontem em
Salvador que não vai mudar o seu
comportamento em relação às
críticas que tem feito contra as reformas constitucionais.
"Não sou oposição ao governo,
mas existe uma diferença muito
grande entre ser base de sustentação e base de bajulação. Eu não teria coragem de olhar para os
olhos dos meus filhos sendo integrante da base de bajulação", disse a senadora, depois de participar do desfile cívico em comemoração aos 180 anos da expulsão
das tropas portuguesas que resistiram à Independência do Brasil.
Anteontem, por 8 votos a 4, a
bancada do PT no Senado decidiu
suspender a participação de Heloísa Helena como representante
petista na Casa até que o Diretório
Nacional do partido decida sobre
a sua permanência na legenda.
Aplaudida durante o desfile, a
petista disse que vai continuar expondo suas idéias publicamente.
"Uma das coisas que mais me
machucam é ver alguns delinquentes da política brasileira ao
lado do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva", disse a senadora.
Heloísa Helena ressaltou os elevados índices de desemprego no
Brasil e a queda na renda média
do trabalhador para cobrar um
debate mais aberto por parte dos
políticos e da própria sociedade.
"Nossa experiência mostra que
não podemos ficar como reféns
dos gigolôs do FMI, que vivem do
parasitismo do mercado financeiro." Segundo Heloísa Helena, a
sociedade brasileira está disposta
a debater as reformas propostas
pelo governo. "Nós queremos debater as reformas, mas não podemos aceitar imposições do FMI."
"Coerência política"
A senadora disse que sua "coerência política" a impede de ficar
calada em relação às reformas
constitucionais. "Na época do
presidente Fernando Henrique
Cardoso eu sempre critiquei alguns pontos das reformas e não
havia contestação por parte do
PT. Agora não quero ser chamada
de vigarista política, simplesmente porque aceito tudo como está."
Heloísa Helena voltou a chorar
e disse que não vai aceitar ficar calada para escapar de uma expulsão. "Não aceito, em hipótese alguma, falar algumas coisas contra
minhas convicções apenas para
fugir de uma medida disciplinar.
Em alguns casos, é melhor ter o
coração partido do que a alma
vendida."
Apesar da punição, a senadora
disse que confia na decisão do Diretório Nacional. "Deus é refúgio
e fortaleza. Deus vai iluminar todos os integrantes do diretório
para que pensem um pouco mais
dentro da estrutura partidária",
disse ela.
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