São Paulo, sexta-feira, 03 de julho de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Guarda definitiva

Ao sugerir, na noite de anteontem, que o recuo do PT do pedido de afastamento de José Sarney aproximou o PMDB do partido em 2010, Renan Calheiros despertou uma espécie de galhofa silenciosa de seus colegas peemedebistas da Câmara.
Eles ponderam que a sigla estará, "muito possivelmente", com Dilma Rousseff na eleição presidencial, mas que os termos da aliança serão, cada vez mais, decididos por Michel Temer e companhia. "Os senadores não estão em condições de dizer o que o PMDB vai fazer", diz um expoente do grupo. "Sarney menos ainda. É ele que depende de Lula, não o contrário."




Radical. Em visita feita para aconselhar Sarney a não renunciar à presidência, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, manifestou a opinião de que, se Sarney viesse a sair, o PMDB deveria entregar todos os seus cargos no governo.

Pior sem ele. O diagnóstico de Jobim é que não há opção a Sarney. Não que alguém acredite que o PMDB venha a entregar qualquer cargo.

Fogo brando. Um termômetro de que a fervura da crise no Senado baixou desde anteontem é que Roseana Sarney anunciou a disposição de retornar a São Luís hoje e reassumir o governo do Maranhão na segunda-feira.

Assessora... Valdir Raupp (PMDB-RO) diz não saber quem é Ludmila Sobral Ascarrunz, funcionária comissionada que já integrou o quadro de seu gabinete e no início de 2008 foi transferida para o gabinete do bloco da maioria, onde também nunca foi vista.

...e modelo. Ludmila foi nomeada originalmente pelo ex-senador Ney Suassuna (PMDB-PB). Recebe R$ 3,8 mil. É ex-modelo da agência Ford. Localizada no Rio, onde mora, confirmou que trabalha no Senado, mas desligou o telefone logo em seguida.

Prioridades. Até hoje reticente quanto às reclamações sobre o atraso no pagamento das emendas parlamentares, o governo enviou ao Congresso um pedido de abertura de crédito especial de R$ 100 milhões para concluir a reforma do Palácio do Planalto.

À disposição. O Brasil cedeu um avião da FAB para transportar o secretário-geral da OEA até Honduras, onde se espera que ele negocie o retorno do presidente deposto José Manuel Zelaya.

Pulverizar... Governadores de Estados beneficiados pela Transnordestina, Eduardo Campos (PSB-PE), Cid Gomes (PSB-CE) e Wellington Dias (PT-PI) divulgarão documento para defender que os recursos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste continuem cem por cento destinados à ferrovia.

...ou não. Como a obra patina, há quem defenda a aplicação da parcela do fundo que não puder ser gasta na Transnordestina em outros projetos. Eduardo Campos, porém, alega que os obstáculos foram removidos e que será possível cumprir o cronograma.

Veja bem. A questão dos recursos para a Transnordestina motivou descompostura de Dilma Rousseff no secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, Luiz Antonio Eira, que pediu demissão. Testemunha do episódio, Campos avalia que "não houve ofensa" por parte da ministra. Outros presentes consideraram sua atitude "grosseira" e "desrespeitosa".

Lattes. Reportagem na próxima "Piauí" questiona o currículo de Dilma divulgado pelo site da Casa Civil. Ali se informa que ela é mestre em teoria econômica e doutoranda em economia monetária e financeira pela Unicamp. A universidade disse à revista que não há registro de matrícula no mestrado e que o doutorado foi abandonado.

Contra. A AGU enviou ao Ministério Público de SP parecer contrário a acordo negociado com o Deutsche Bank em torno de supostas contas de Paulo Maluf. O banco pagaria U$ 5 mi ao Brasil para evitar sua eventual inclusão no rol de investigados no caso.

Tiroteio

"Lula enquadrou o PT, e agora o senador Mercadante procura um bode expiatório."

De JOSÉ AGRIPINO, líder da banca do DEM, sobre o fato de o petista ter procurado responsabilizar os "demos" pela crise no Senado, uma vez que o partido controla há anos a primeira secretaria, espécie de centro administrativo da Casa.

Contraponto

Hora do recreio

Líder do governo no Congresso e mais firme defensora do apoio do PT a José Sarney, Ideli Salvatti deu um tempo da crise do Senado, ontem à tarde, para participar do encontro de Lula com os jogadores do Corinthians, que na véspera conquistara a Copa do Brasil.
Toda de branco e preto, ela aproveitou para pedir o autógrafo de Ronaldo em seu cartão de senadora, que leva o brasão do time.
-Isso aqui valeu a pena!-, exclamava, radiante.
A alegria, porém, durou pouco:
-Agora deixa eu voltar para aquele inferno...


com VERA MAGALHÃES e LETÍCIA SANDER



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