São Paulo, sexta-feira, 03 de julho de 2009

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Busca no Araguaia começa semana que vem

Comissão do Ministério da Defesa decide não ouvir pessoas que afirmam saber onde estão as ossadas dos guerrilheiros

Expedição em busca dos cerca de 60 corpos começará em Xambioá e passará só em pontos já mapeados por antigas equipes de buscas

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A comissão comandada pelo Exército para cumprir ordem da Justiça para localizar corpos de guerrilheiros do Araguaia começa a trabalhar na próxima semana e o primeiro local a ser vistoriado será o município de Xambioá (norte de Tocantins).
Informações coletadas nos últimos anos por historiadores e jornalistas sobre novos locais onde teriam ocorrido sepultamentos clandestinos serão desconsideradas pela expedição.
A comissão decidiu que a procura dos restos mortais dos cerca de 60 guerrilheiros rurais desaparecidos na primeira metade da década de 70 se restringirá a pontos já mapeados por antigas expedições.
O grupo não planeja ouvir os relatos de camponeses, mateiros e ex-militares que dizem saber onde foram enterrados alguns dos guerrilheiros enviados à floresta amazônica pelo então clandestino PC do B, nos anos 60 e 70, a fim de iniciar um movimento revolucionário para derrubar o regime militar (1964-1985).
Essas supostas testemunhas, em depoimentos prestados ao Ministério Público Federal e à Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, disseram saber pontos em que os cadáveres foram enterrados. Da mesma forma, reportagens e livros escritos sobre a guerrilha trazem informações que não estão sendo estudadas pela comissão.
O planejamento até agora traçado prevê a chegada da comissão -33 membros, militares e civis- a Marabá (PA) na próxima terça-feira. Na cidade (cerca de 500 km ao sul de Belém), fica a 23ª Brigada de Infantaria de Selva do Exército, base da missão.
Nos dias 8 e 9, a comissão ficará reunida no quartel para tratar dos detalhes finais da organização das expedições. O planejamento do Exército, concluído nesta semana, prevê quatro investidas no Araguaia -sudeste do Pará, sul do Maranhão e norte do Tocantins- de julho a, no máximo, outubro, quando começam as chuvas.
A primeira deverá ocorrer em Xambioá, ponto mais distante (cerca de 120 km) da sede da brigada. No município, há pelo menos duas áreas já vasculhadas por expedições passas -o cemitério municipal e a antiga base militar.
O Exército mapeou quatro áreas para buscas, com 14 pontos de escavações. Além de Xambioá, a comissão atuará em São Geraldo do Araguaia, Bacaba e serra das Andorinhas, localidades no Pará.
Cada uma das quatro investidas deverá durar, em média, 12 dias. Passado esse período, o trabalho será interrompido para o descanso da comissão. Uma semana depois, as buscas recomeçarão, por mais 12 dias.
A procura dos corpos foi determinada por sentença da juíza federal Solange Salgado, da 1ª Vara da Justiça Federal em Brasília. Em 2003, ela determinou a entrega dos corpos às famílias. Como os recursos do governo fracassaram, o Ministério da Defesa resolveu montar a comissão para planejar a busca dos restos mortais.


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