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Busca no Araguaia começa semana que vem
Comissão do Ministério da Defesa decide não ouvir pessoas que afirmam saber onde estão as ossadas dos guerrilheiros
Expedição em busca dos cerca de 60 corpos começará em Xambioá e passará só em pontos já mapeados por antigas equipes de buscas
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
A comissão comandada pelo
Exército para cumprir ordem
da Justiça para localizar corpos
de guerrilheiros do Araguaia
começa a trabalhar na próxima
semana e o primeiro local a ser
vistoriado será o município de
Xambioá (norte de Tocantins).
Informações coletadas nos
últimos anos por historiadores
e jornalistas sobre novos locais
onde teriam ocorrido sepultamentos clandestinos serão desconsideradas pela expedição.
A comissão decidiu que a
procura dos restos mortais dos
cerca de 60 guerrilheiros rurais
desaparecidos na primeira metade da década de 70 se restringirá a pontos já mapeados por
antigas expedições.
O grupo não planeja ouvir os
relatos de camponeses, mateiros e ex-militares que dizem saber onde foram enterrados alguns dos guerrilheiros enviados à floresta amazônica pelo
então clandestino PC do B, nos
anos 60 e 70, a fim de iniciar um
movimento revolucionário para derrubar o regime militar
(1964-1985).
Essas supostas testemunhas,
em depoimentos prestados ao
Ministério Público Federal e à
Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, disseram saber
pontos em que os cadáveres foram enterrados. Da mesma forma, reportagens e livros escritos sobre a guerrilha trazem informações que não estão sendo
estudadas pela comissão.
O planejamento até agora
traçado prevê a chegada da comissão -33 membros, militares e civis- a Marabá (PA) na
próxima terça-feira. Na cidade
(cerca de 500 km ao sul de Belém), fica a 23ª Brigada de Infantaria de Selva do Exército,
base da missão.
Nos dias 8 e 9, a comissão ficará reunida no quartel para
tratar dos detalhes finais da organização das expedições. O
planejamento do Exército, concluído nesta semana, prevê
quatro investidas no Araguaia
-sudeste do Pará, sul do Maranhão e norte do Tocantins- de
julho a, no máximo, outubro,
quando começam as chuvas.
A primeira deverá ocorrer
em Xambioá, ponto mais distante (cerca de 120 km) da sede
da brigada. No município, há
pelo menos duas áreas já vasculhadas por expedições passas
-o cemitério municipal e a antiga base militar.
O Exército mapeou quatro
áreas para buscas, com 14 pontos de escavações. Além de
Xambioá, a comissão atuará em
São Geraldo do Araguaia, Bacaba e serra das Andorinhas, localidades no Pará.
Cada uma das quatro investidas deverá durar, em média, 12
dias. Passado esse período, o
trabalho será interrompido para o descanso da comissão.
Uma semana depois, as buscas
recomeçarão, por mais 12 dias.
A procura dos corpos foi determinada por sentença da juíza federal Solange Salgado, da
1ª Vara da Justiça Federal em
Brasília. Em 2003, ela determinou a entrega dos corpos às famílias. Como os recursos do governo fracassaram, o Ministério da Defesa resolveu montar a
comissão para planejar a busca
dos restos mortais.
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