São Paulo, sexta, 3 de julho de 1998

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SÃO PAULO
Governador batiza usina de "Sérgio Motta"
Covas visita última obra antes de licença

CLÁUDIA TREVISAN
enviada especial a Rosana

O governador Mário Covas fez ontem a última visita a uma obra de sua gestão antes de se licenciar do cargo, na segunda-feira.
Covas esteve na hidrelétrica de Porto Primavera, que não pode entrar em funcionamento em razão de uma medida liminar.
Sem poder inaugurar a usina, Covas dedicou-se a atividades paralelas. Assinou decreto que muda o nome da obra para "Usina Hidrelétrica Sérgio Motta", acompanhou o enchimento do canal da eclusa, sancionou a lei que retira o status de reserva ecológica das áreas que serão inundadas e assinou decreto criando outra reserva.
A lei, aprovada terça-feira pela Assembléia Legislativa, é considerada essencial para permitir a suspensão da liminar. A nova reserva, chamada Parque Estadual do Aguapeí, é uma compensação pela área que será inundada.
O secretário da Energia, Andrea Matarazzo, acredita que em 15 dias o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) poderá dar a licença para o funcionamento da usina, o que permitiria a suspensão da liminar.
A visita teve toques de campanha política. Um grupo de pessoas carregava bandeiras com os dizeres "Covas governador" e "Covas, nesse eu confio". Outras usavam adesivos nas roupas e bonés com o nome de Covas.
A partir de amanhã, nenhum candidato ao Poder Executivo poderá participar de inaugurações de obras públicas.
Covas foi evasivo ao responder se pretende visitar as obras depois que elas forem inauguradas -uma hipótese em estudo no comando de sua campanha.
"Não pretendo nem deixo de pretender", afirmou. Antes, ele havia dito que poderia ir antes ou depois da inauguração. "Eu vou ter muito gosto em ver cada uma delas, se puder ver."

Obra de 18 anos
A usina de Porto Primavera começou a ser construída há 18 anos. Deveria ter ficado pronta em 86, mas a obra foi interrompida várias vezes.
O presidente da Cesp, Guilherme Cirne de Toledo, diz que é impossível saber ao certo quanto o Estado gastou nesse período.
Segundo ele, o valor contábil da usina é R$ 9 bilhões, mas isso não significa que esse é o seu custo. Nesse valor estão embutidas, por exemplo, estimativas de quanto a Cesp deixou de ganhar por ter investido na usina e não em outro empreendimento.
A expectativa do governo é que até o fim do ano entrem em funcionamento 3 das 18 turbinas, que vão gerar 300 MW de energia, o suficiente para uma cidade de 700 mil habitantes.


A repórter Cláudia Trevisan viajou a convite da Secretaria da Energia


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