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PRIVATIZAÇÃO
Estatal de energia elétrica deveria ser leiloada em novembro ou dezembro, segundo o governo federal
Governo adia a venda de Furnas para 99
CRISTIANA NEPOMUCENO
da Sucursal de Brasília
O governo só vai vender Furnas
Centrais Elétricas S/A, responsável pelo fornecimento de 35% da
energia consumida no país, no
primeiro semestre de 99, informou ontem o ministro Raimundo
Brito (Minas e Energia).
A venda da empresa vinha sendo
anunciada pelo governo como
uma das principais privatizações
do setor elétrico este ano.
Segundo o cronograma do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), gestor do PND (Programa
Nacional de Desestatização), Furnas deveria ser vendida entre outubro e dezembro deste ano.
Além de Furnas, constam do
PND para serem vendidos em 98 o
Sistema Isolado de Manaus, a
Chesf (Companhia Hidrelétrica do
São Francisco), a Eletronorte e a
Gerasul (originária da Eletrosul),
todas geradoras de energia. Até
agora, nenhuma foi privatizada.
Em dezembro do ano passado, a
previsão do Ministério do Planejamento era que a União arrecadaria
US$ 32 bilhões este ano com as
privatizações das empresas estatais, incluindo a venda da Telebrás
e de empresas do setor elétrico.
O presidente do BNDES, André
Lara Resende, admitiu recentemente que as privatizações do setor elétrico poderão atrasar.
Segundo ele, a venda de um
grande número de ativos num
curto período pode desvalorizar as
empresas.
O diretor-executivo da Apine
(Associação Brasileira das Empresas Produtoras Independente de
Energia Elétrica), Cesar Roland,
avalia que a compra de empresas
de geração de energia exige gastos
com desapropriação e com mecanismos de controle sobre o impacto ambiental, o que acaba desanimando os potenciais investidores.
Em maio passado, José Pio Borges, vice-presidente e diretor de
Desestatização do BNDES, admitiu que o governo só deveria arrecadar entre US$ 20 bilhões e US$
27 bilhões com a venda das estatais. Metade desses recursos seria
obtida com a venda da participação da União na Telebrás.
'"Aquele número (US$ 32 bilhões) é muito otimista", disse
Borges à época.
No mês passado, Lara Resende
disse durante viagem à Europa
que as privatizações renderiam até
US$ 25 bilhões. Sem as privatizações do setor elétrico, pode ser que
o governo não atinja esse valor.
"Lamento'
"Lamento não podermos privatizar Furnas este ano. Até pela
complexidade da empresa, não
queremos fazer nada com pressa",
disse o ministro Brito.
Luiz Laércio Machado, presidente de Furnas, disse que a reestruturação societária da empresa
será concluída até dezembro.
A estatal será dividida em duas
empresas: uma de geração de
energia e outra de transmissão.
Depois, o governo terá de realizar
uma assembléia de acionistas para
oficializar a cisão da empresa.
Furnas tem hoje, segundo Machado, um patrimônio líquido de
R$ 10 bilhões e gera uma receita
líquida anual de R$ 3,8 bilhões.
Brito afirmou que o governo
também irá atrasar a venda da Gerasul. No final de maio, Pio Borges, havia dito que o edital de privatização da empresa seria publicado no final do mês passado e
que o leilão ocorreria este mês.
Brito disse ontem que a privatização da empresa só deve acontecer no final de agosto.
O governo quer vender a maior
parte do Sistema Eletrobrás. Segundo Benedito Carraro, diretor
de Planejamento da Eletrobrás, ficarão com a União a usina de Itaipu, uma das maiores empresas de
geração de energia do mundo, as
usinas de energia nuclear e 75% do
sistema de transmissão.
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