São Paulo, sexta, 3 de julho de 1998

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Edital para privatizar companhia telefônica em Ribeirão atrasará

da Folha Ribeirão

Um impasse nas negociações entre o prefeito de Ribeirão (319 km ao norte de São Paulo), Luiz Roberto Jábali (PSDB), e representantes dos fundos de pensão Previ, Sistel e Telos, acionistas da Ceterp S/A (Centrais Telefônicas de Ribeirão Preto), vai atrasar a divulgação do edital para a privatização da empresa, que deveria sair hoje.
Ontem, Jábali se reuniu com representantes dos fundos em Brasília para discutir o rompimento de um acordo firmado em 96, durante o processo de abertura de capital da empresa, entre o então prefeito de Ribeirão Preto, Antônio Palocci Filho (PT), e os acionistas.
Pelo acordo, os fundos de pensão, que têm 46% dos papéis, teriam preferência na compra do restante das ações da empresa -51%- e poderiam vender sua participação acionária junto com o lote de ações da prefeitura.
Apesar do atraso na divulgação do edital, que vai trazer o preço mínimo da empresa, Jábali garantiu que o leilão da Ceterp deve acontecer no próximo dia 24.
Pela lei de licitações, o edital deve ser divulgado 15 dias antes do leilão, ou seja, a divulgação deve acontecer até o próximo dia 9.
De acordo com o procurador-geral do município, Dyrceu Chrisostomo, a prefeitura não quer aceitar a venda dos 46% de ações dos fundos de pensão com os mesmos preços e condições, conforme contrato feito em setembro de 96.
De acordo com o prefeito, a inclusão dos papéis dos fundos deve diminuir o preço que a Ceterp alcançaria no mercado financeiro.
A Folha não conseguiu falar com representantes dos fundos de pensão até o início da noite de ontem.
Entretanto, o diretor de investimentos e finanças da Sistel, José Leitão Viana, afirmou anteontem que os fundos não vão abrir mão da venda dos papéis pelo mesmo preço das ações da prefeitura.
Segundo ele, se não houver um acordo final, as fundações devem entrar na Justiça pleiteando participação no leilão de privatização.
Caso prevaleça o acordo feito entre o ex-prefeito e os fundos de pensão e o valor mínimo da Ceterp seja estabelecido em R$ 160 milhões (lote da prefeitura), conforme análise do mercado financeiro, os fundos de pensão devem ganhar R$ 94,3 milhões na negociação dos papéis, que equivale à diferença entre o valor de compra dos papéis, R$ 54 milhões, e o valor de venda presumido no leilão.
De acordo com Palocci, o acordo feito com os fundos de pensão em 96 não tem validade. "O contrato diz que somente teria validade se houvesse um parecer do Tribunal de Contas, o que não aconteceu", disse o ex-prefeito de Ribeirão.
O ex-prefeito afirmou que o anúncio do acordo pela atual administração é apenas político.
"Foi um acordo feito com os investidores minoritários para a formação da empresa. À época, não imaginávamos que a Ceterp seria privatizada", disse Palocci.
O analista econômico Luiz Lopes Vazquez afirmou ontem que o valor da venda da Ceterp pode ser reduzido com a inclusão dos 46% dos papéis dos fundos de pensão.
De acordo com ele, a prefeitura pode não conseguir o mesmo ágio na venda de sua parcela que conseguiria se oferecesse apenas sua parte nas ações. "É a lei da oferta e da procura", disse Vazquez.



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