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CAMPANHA
Tucano diz que opiniões econômicas do candidato do PPS ajudam a alta do dólar e criticou seu vice, Paulinho
Posições de Ciro são "terroristas", diz Serra
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BETIM
O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra,
afirmou ontem em Betim (MG),
onde fez campanha, que as posições econômicas do seu rival Ciro
Gomes (PPS) são "terroristas".
Ele também criticou o vice de Ciro, o sindicalista Paulo Pereira da
Silva, o Paulinho (PTB).
A acusação a Ciro foi feita após
Serra ter dito que posições "ambíguas, terroristas e catastróficas"
apresentadas por candidatos à
Presidência também tinham efeito na alta do dólar. Provocado a
dizer quem, só listou Ciro.
"Por exemplo: as posições do
Ciro Gomes, absolutamente terroristas. Ele dá números errados
da dívida, superestima o crescimento da dívida, diz que a dívida
é impagável, diz que vai fechar as
contas CC-5 [pelas quais empresas e pessoas físicas remetem dinheiro para o exterior" -que faz
com que quem queira mandar
dólares para o exterior acumule
para mandar antes, é obvio- e
rejeita acordo com o FMI."
Serra defendeu o governo federal, afirmando que ele está atuando com "serenidade", e falou da
negociação em curso com o FMI
como sendo algo "muito importante para nós".
"Sou a favor de uma negociação
com o FMI que estenda os nossos
acordos. Por dois motivos: o primeiro é porque não traz nenhum
sacrifício adicional à nossa economia; o segundo é porque aumenta
a segurança para o nosso futuro a
curto prazo. A segurança é importante para o crescimento econômico", disse o candidato.
Para Serra, a alta do dólar tem
como causas, além do nervosismo do mercado em relação à eleição, "o que não se justifica", a instabilidade na economia internacional. E definiu o rumo do Brasil
como sendo correto.
"Os fundamentos da nossa economia são bons e não temos uma
situação como a da Argentina.
Portanto, não justifica o dólar na
altura que está", disse. Serra havia
dito, anteriormente, que o Brasil
corria risco de virar uma Argentina dependendo da condução da
política econômica.
Genéricos
Quando a entrevista já havia terminado, Serra foi provocado a falar do encontro de Paulinho, vice
de Ciro, com dirigentes do Aché
Laboratórios Farmacêuticos.
Com a pergunta, Serra se animou:
"Isso eu vou falar!".
Disse que a visita de Paulinho ao
"único laboratório" que se recusou a fabricar os genéricos era
"representativa". "Representa
que essa candidatura [a de Ciro"
vai lá se aliar com aqueles que são
contra os genéricos, e ainda anunciando que vai fazer dossiê, que é
uma especialidade que eles têm
há muito tempo".
Segundo ele, o "entendimento"
feito por Paulinho com a Aché
"conspira contra a produção de
genéricos no Brasil".
"Portanto, é tudo muito coerente, muito perfeitamente ajustado
à característica dessa chapa que se
apresenta para o Brasil como uma
opção, o que, no caso dos medicamentos, vai ser uma opção pelo
remédio caro."
Com o tucano Aécio Neves,
candidato ao governo de Minas,
Serra participou de uma carreata
em Betim, administrada pelo
PSDB, fez corpo-a-corpo e visitou
uma associação que trabalha com
jovens carentes produzindo móveis e utilidades do lar.
No corpo-a-corpo, por dois
momentos, agiu como ministro
da Saúde. Entrou em uma farmácia e perguntou se ali se vendia genéricos. Antes disso, interpelou
na calçada José Batista Almeida,
40, fumante há 15 anos.
Atraído pela marca do cigarro
que o homem fumava (San Marino), Serra tirou do bolso da camisa de Almeida o maço de cigarros
e verificou a ausência da foto instituída por ele nas embalagens nacionais com imagens que visam
inibir o consumo. "Aqui. Veja se
pode", disse ele a Aécio. Devolveu
a embalagem e se foi.
Em Belo Horizonte, o presidenciável tucano inaugurou dois comitês de campanha, um em dobradinha com Aécio.
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