São Paulo, sábado, 03 de agosto de 2002

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CAMPANHA

Tucano diz que opiniões econômicas do candidato do PPS ajudam a alta do dólar e criticou seu vice, Paulinho

Posições de Ciro são "terroristas", diz Serra

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BETIM

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, afirmou ontem em Betim (MG), onde fez campanha, que as posições econômicas do seu rival Ciro Gomes (PPS) são "terroristas". Ele também criticou o vice de Ciro, o sindicalista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PTB).
A acusação a Ciro foi feita após Serra ter dito que posições "ambíguas, terroristas e catastróficas" apresentadas por candidatos à Presidência também tinham efeito na alta do dólar. Provocado a dizer quem, só listou Ciro.
"Por exemplo: as posições do Ciro Gomes, absolutamente terroristas. Ele dá números errados da dívida, superestima o crescimento da dívida, diz que a dívida é impagável, diz que vai fechar as contas CC-5 [pelas quais empresas e pessoas físicas remetem dinheiro para o exterior" -que faz com que quem queira mandar dólares para o exterior acumule para mandar antes, é obvio- e rejeita acordo com o FMI."
Serra defendeu o governo federal, afirmando que ele está atuando com "serenidade", e falou da negociação em curso com o FMI como sendo algo "muito importante para nós".
"Sou a favor de uma negociação com o FMI que estenda os nossos acordos. Por dois motivos: o primeiro é porque não traz nenhum sacrifício adicional à nossa economia; o segundo é porque aumenta a segurança para o nosso futuro a curto prazo. A segurança é importante para o crescimento econômico", disse o candidato.
Para Serra, a alta do dólar tem como causas, além do nervosismo do mercado em relação à eleição, "o que não se justifica", a instabilidade na economia internacional. E definiu o rumo do Brasil como sendo correto.
"Os fundamentos da nossa economia são bons e não temos uma situação como a da Argentina. Portanto, não justifica o dólar na altura que está", disse. Serra havia dito, anteriormente, que o Brasil corria risco de virar uma Argentina dependendo da condução da política econômica.

Genéricos
Quando a entrevista já havia terminado, Serra foi provocado a falar do encontro de Paulinho, vice de Ciro, com dirigentes do Aché Laboratórios Farmacêuticos. Com a pergunta, Serra se animou: "Isso eu vou falar!".
Disse que a visita de Paulinho ao "único laboratório" que se recusou a fabricar os genéricos era "representativa". "Representa que essa candidatura [a de Ciro" vai lá se aliar com aqueles que são contra os genéricos, e ainda anunciando que vai fazer dossiê, que é uma especialidade que eles têm há muito tempo".
Segundo ele, o "entendimento" feito por Paulinho com a Aché "conspira contra a produção de genéricos no Brasil".
"Portanto, é tudo muito coerente, muito perfeitamente ajustado à característica dessa chapa que se apresenta para o Brasil como uma opção, o que, no caso dos medicamentos, vai ser uma opção pelo remédio caro."
Com o tucano Aécio Neves, candidato ao governo de Minas, Serra participou de uma carreata em Betim, administrada pelo PSDB, fez corpo-a-corpo e visitou uma associação que trabalha com jovens carentes produzindo móveis e utilidades do lar.
No corpo-a-corpo, por dois momentos, agiu como ministro da Saúde. Entrou em uma farmácia e perguntou se ali se vendia genéricos. Antes disso, interpelou na calçada José Batista Almeida, 40, fumante há 15 anos.
Atraído pela marca do cigarro que o homem fumava (San Marino), Serra tirou do bolso da camisa de Almeida o maço de cigarros e verificou a ausência da foto instituída por ele nas embalagens nacionais com imagens que visam inibir o consumo. "Aqui. Veja se pode", disse ele a Aécio. Devolveu a embalagem e se foi.
Em Belo Horizonte, o presidenciável tucano inaugurou dois comitês de campanha, um em dobradinha com Aécio.



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