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São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

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ÁGUAS PASSADAS

Analistas criticam comparações entre governos Lula e João Goulart

Paralelo com pré-64 é descabido

DA REPORTAGEM LOCAL

Para analistas ouvidos pela Folha, a comparação entre os anos anteriores ao movimento militar de 1964 e o momento atual é descabida. A relação entre os dois períodos foi sugerida de maneiras distintas, na última semana, pelo ex-deputado constituinte pelo PT Plínio de Arruda Sampaio e pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).
Arruda Sampaio afirmou que a reação dos ruralistas à reforma agrária é "um filme" que "já foi visto em 63 e 64". Virgílio comparou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a João Goulart.
A socióloga Maria Victoria Benevides, professora da USP, diz não ver "nenhum sentido nisso". "Isso significaria uma brutal crise institucional e não é o que estamos vendo."
"Naquela época, havia um descontentamento muito generalizado na mídia, entre os militares e no meio empresarial. Hoje não há esse descontentamento raivoso e generalizado. E a imprensa, mesmo aquela que ataca o governo sistematicamente, como é o caso da Folha, mantém um nível razoável dentro da liberdade da imprensa."
Para o historiador Boris Fausto, professor aposentado da USP, não existe semelhança: "Existe uma tensão social séria. Mas remeter isso a 1964 não tem sentido". Entre outras diferenças, cita a Guerra Fria, que condicionava o período.
O cientista político Fernando Abrucio, da PUC-SP, considera a comparação "meio desmiolada". "No período mais radical do governo Jango, o presidente era de fato refém de suas alianças com grupos sociais", diz. Já Lula, defende, "não é refém de nenhum grupo".



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