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Sem-terra furam bloqueio da PM e
reúnem mais invasores em fazenda
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GUAIRAÇÁ
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) conseguiu furar o bloqueio da PM e
aumentou o contingente de sem-terra na fazenda Santa Filomena,
na divisa dos municípios de Guairaçá e Planaltina do Paraná (noroeste do PR). O aumento do número de sem-terra na fazenda
coincidiu com a determinação de
reintegração de posse ao fazendeiro pela Justiça de Terra Rica.
No sábado, Elias Gonçalves de
Meura, 20, foi morto e outros seis
sem-terra ficaram feridos na invasão da propriedade, de 1.197 hectares. A fazenda é considerada
improdutiva pelo Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
O proprietário, Francisco Carvalho Gomes Filho, contesta o
laudo de improdutividade. O caso
está no Tribunal Regional Federal
de Porto Alegre.
Ontem, os sem-terra acusaram
a PM do Paraná de estar do lado
do fazendeiro. A tensão começou
quando dois oficiais de Justiça foram até a fazenda e leram a determinação do juiz Luiz Henrique
Trompezynski, de Terra Rica (noroeste do PR), para que os sem-terra deixassem a área.
Eles se recusaram a acatar a decisão judicial. Logo depois, a PM
escoltou dois funcionários da fazenda até a propriedade, para que
eles retirassem tratores e equipamentos do local. Os sem-terra
apontaram os dois como autores
dos disparos feitos no sábado.
A retirada dos equipamentos fazia parte de uma tentativa de
acordo entre a PM e o MST para
que as famílias que estavam em
três caminhões na BR-376, distante seis quilômetros da fazenda,
fossem liberadas. Desde o meio-dia de domingo as famílias tentavam chegar ao acampamento
montado pelo MST na fazenda.
O MST se recusou a liberar tratores e equipamentos e exigiu a
prisão dos dois funcionários,
identificados como "Marcelão" e
"Marquinhos Toco". O capitão
César Kamakawa, que comandava o destacamento da PM, exigia
uma acusação formal dos sem-terra contra os dois funcionários.
O impasse só foi resolvido após
a advogada Maria Rita Reis, da organização Terra de Direitos, que
defende o MST, comprometer-se
a levar os sem-terra até a Delegacia de Polícia de Terra Rica para a
acusação e a identificação formal
dos acusados.
A advogada disse que foram recolhidas fotos na sede da fazenda,
nas quais o administrador, Aparecido Mendes da Silva, 41, aparece fortemente armado.
"Ele foi solto sem justificativa.
Tinham armas ilegais, existia um
morto e ele foi liberado", afirmou.
Silva foi detido no sábado e, depois de ouvido pela Polícia Civil
de Paranavaí, foi liberado.
Kamakawa disse que a PM conseguiu apreender apenas duas armas que estavam com os seguranças -uma escopeta calibre 12 e
uma carabina 44, deixadas na fazenda. "Foi um tiroteio muito
grande e devia existir mais armas.
Só de cartuchos de 44 recolhemos
112", afirmou.
Kamakawa resolveu liberar o
bloqueio aos caminhões que levavam mulheres e crianças no final
da tarde de ontem. Ele, no entanto, não tinha a garantia de que os
sem-terra iriam devolver os equipamentos e tratores tomados.
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