São Paulo, terça-feira, 03 de agosto de 2004

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No Congresso, oposição quer convocar presidentes; governo mostra números

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O primeiro dia no Congresso depois do recesso de julho foi marcado por críticas, pedidos de demissão e ameaças de apresentação de requerimentos para convocar o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, a dar explicações sobre denúncias de evasão de divisas e sonegação fiscal. O governo tentou se defender apresentando números positivos da economia.
O PFL também entrou ontem com representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) denunciando irregularidade na aquisição dos ingressos pelo BB e solicitando a suspensão do repasse do fundo partidário para o PT por um ano, pena prevista em lei.
O partido também anunciou que entrou com uma notícia-crime na Procuradoria Regional da República contra Casseb, acusando-o, entre outros, de emprego irregular de verbas públicas.
Além dessas ações, os pefelistas pediram a demissão do presidente do BB e da diretoria do banco devido à aquisição de R$ 70 mil em ingressos de um show da dupla Zezé Di Camargo e Luciano, cuja renda teria sido revertida para a compra de nova sede do PT. Casseb chegou a admitir que a compra foi um "erro". Ontem, nem a assessoria do BC nem a do do BB comentaram as ações.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) passou o dia de ontem articulando a ida de Meirelles à CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado hoje ou amanhã, antecipando-se à aprovação de convite pelos senadores.
Suplicy chegou a falar com Antonio Palocci Filho (Fazenda) ontem, no início da noite, sobre o assunto, que concordou sobre a ida ao Senado e ficou de conversar com Meirelles sobre o assunto.
O Senado só tem poder de convocar ministros. Nos demais casos, só é possível requerimentos de convite que, mesmo assim, precisam ser votados.
Tanto Meirelles quanto Casseb enfrentam um desgaste por conta de denúncias que estão surgindo há mais de uma semana.
O presidente do BC, por exemplo, deveria ser convidado a depor no Senado sobre o fato de ter declarado domicílio eleitoral diferente do seu domicílio fiscal. Ele também teria feito operações para fugir do pagamento de imposto ao transferir um imóvel de uma empresa sua para o seu nome.
Já o presidente do BB, além da compra dos ingressos, não teria declarado ao fisco que possuía duas contas nos EUA.
Na mesma onda de denúncias publicadas na imprensa nos últimos dias, o diretor de Política Monetária do BC Luiz Augusto Candiota pediu demissão do cargo na última quarta-feira. Sua decisão ocorreu em decorrência de reportagem publicada pela revista "IstoÉ" que afirmava que Candiota deixou de declarar à Receita contas mantidas no exterior.
Segundo o líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), o Senado deveria se concentrar na votação de projetos que dariam sustentabilidade ao crescimento econômico, como o das Parcerias Público-Privadas.
O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), evitou comentários, mas diz acreditar que os trabalhos não serão afetados.


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