São Paulo, terça-feira, 03 de agosto de 2004

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TODA MÍDIA

Eufóricos e insatisfeitos

Nelson de Sá

Do "Valor", ontem:
- Desde que tomou posse, Lula não pára de falar. Em 576 dias, foram 480 pronunciamentos. Quase um por dia. Conseguiu bater FHC, que não era de falar pouco.
E Lula falou, de novo. Foi estimulado pelo chanceler Celso Amorim, que ligou para ele de Genebra e teria afirmado, sobre o acordo na Organização Mundial do Comércio: "Presidente, ganhamos tudo".
Então Lula saiu falando, pelos canais de notícias:
- Conseguimos sensibilizar corações e mentes americanas e européias e o subsídio já não é um entrave tão grande.
Com ele foi a Globo, com a avaliação no Bom Dia Brasil de que "a vitória é histórica". De que, "tudo bem, há detalhes que mostram que nem tudo é tão bom, mas conseguir dos países ricos esses compromissos é um fato histórico".
 
Devagar, avisaram editoriais pelo mundo. Não se lia ontem uma opinião de jornal ou revista em que o elogio não viesse seguido de um "mas".
Para o "Financial Times", "o acordo é importante", mas foi um "milagre menor", um "modesto e tardio avanço na longa marcha para a liberalização dos mercados globais":
- O grande avanço foi obter o compromisso da União Européia, de eliminar seus subsídios, e deitar as bases para futuras reduções no inchado apoio das nações ricas à agricultura.
O "Le Monde" questionou que seja "histórico". Disse que, "se foi alcançado um acerto com vistas a abandonar as subvenções agrícolas, se foi aceita pelos menos ricos a liberalização das trocas industriais e de serviços", faltou um "calendário".
O "Guardian" avisou que, embora seja "notícia muito boa que os países ricos tenham concordado em acabar com subsídios", a "euforia inicial pode se provar prematura". De novo, o problema é o calendário.
A "Economist" adiantou opinião no site, dizendo que "a essência é que os países ricos vão eliminar ou reduzir toda uma carga de subsídios", o que "é sem dúvida um avanço":
- Contudo, falta negociar detalhes do acordo.
 
Mais euforia, só mesmo no mundo "em desenvolvimento". Para o "Economic Times", "é uma vitória maior conseguir disciplina dos países desenvolvidos em suas subvenções". E o jornal indiano resume:
- Todos os lados conseguiram "o mesmo grau de insatisfação", que indica um compromisso justo.

OUTRAS TELAS

www.luizaerundina.com.br/www.martaprefeita.com.br
Alguém tem que acordar, na campanha tucana. Foi preciso uma semana de Marta Suplicy nos outdoors de São Paulo, com o slogan "Uma mulher de coragem", para surgirem finalmente os do sorridente José Serra, "O prefeito da gente".
E agora é na web. Ainda com problemas técnicos, a campanha petista lançou ontem seu site, com seções abordando "as realizações em 23 bairros" e "gráficos e textos didáticos sobre questões como a dívida inflada pela política de juros altos do governo FHC".
Em se tratando de Duda Mendonça, destaque para o jingle on line, que prioriza a "mulher de coragem", num esforço para mitigar a imagem agressiva da prefeita. A música diz que "uma cidade assim precisa de uma guerreira", "que tem garra" etc.
Antes de Marta na web -e melhor- só Luiza Erundina, cuja página destaca "notícias" como o ataque às taxas de lixo e luz, além de seções como um "túnel do tempo" sobre sua gestão como prefeita. O melhor é a janela "Prestação de contas", sobre as doações feitas à campanha. Mas ainda é preciso esperar mais -ou cobrar. No ar está só a palavra "modelo". Das doações, nada.

Operação
No JN e no Jornal da Record, saíram em defesa de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, o ministro Márcio Thomaz Bastos e o líder petista Aloizio Mercadante.
Quanto ao próprio, ele "conversou com Míriam Leitão". As explicações correram pelas várias Globos. Na CBN, a comentarista avaliou as explicações como convincentes.

A mais rápida
Fora das Globos, Meirelles não tocou nas denúncias. Falou da retomada econômica, "a mais rápida" em anos.

A hora
Às vésperas do debate na Band, o JN finalmente entrou na cobertura regular da campanha e deu até manchete:
- A hora das entrevistas: candidatos apresentam propostas nas emissoras da Globo.

PT fora
Do nada, à tarde, surgiu uma nota na Globo On Line:
- Segundo um ministro político, o Planalto estuda tirar quatro petistas, entre eles Marina Silva e Olívio Dutra, para acomodar grupos de aliados.
Ficou uma interrogação sobre o tal "ministro político".


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