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GOVERNO NA MIRA
Em nota, governadores do PSDB condenam concentração de renda e pedem redução das parcelas da dívida
Tucanos quebram cordialidade e cobram Lula
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Até ontem afáveis com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os
governadores do PSDB romperam com a política de cordialidade e, reunidos em Palmas (TO),
divulgaram dura nota contra o
governo federal. Nela, os tucanos
condenam a concentração de receita nos cofres do Tesouro e reivindicam a redução das parcelas
mensais da dívida com a União.
Na nota, os oito governadores
"expressam contundente apoio"
à proposta de criação do conceito
de receita líquida dos Estados. Pelo projeto, de autoria do senador
Antero Paes de Barros (PSDB-MT), o dinheiro que é obrigatoriamente destinado à saúde e educação fica de fora do cálculo da receita na hora de descontar a prestação da dívida dos Estados. Como os governadores pagam um
percentual dessa receita à União,
a parcela acabaria menor.
Uma prova de que a relação entre tucanos e Lula não será mais a
mesma está na atuação do governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin. Num outro encontro,
ele se recusou a pregar a revisão
desses critérios. Ontem, assinou a
nota e fez severa crítica à centralização de receita na União.
"Estamos vivendo um momento centralizador que é ruim. O "espetáculo da arrecadação" federal
não é partilhado com Estados e
municípios", afirmou Alckmin,
que, na viagem a Tocantins, teve
um mal-estar por causa da mudança de temperatura, dos 9C de
São Paulo para os 39C de Palmas.
O governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, descreveu a reunião como a "de tom mais duro
contra o governo". "A União, todo dia, comemora recorde de arrecadação, sem partilha com os
Estados. As transferências só vão
para o PT. Sempre tivemos uma
postura responsável, mas a coisa
está ficando complicada", disse.
A harmonia dos tucanos, no entanto, quase foi quebrada quando
o assunto foi a decisão de Alckmin e de Aécio de rejeitar os créditos de empresas que se mudaram para Estados menores atraídos por incentivos fiscais. Os governadores de Goiás, Marconi Perillo, e o anfitrião Marcelo Miranda, pediram que o assunto fosse
objeto de uma nova reunião.
Os tucanos voltaram à carga
contra o governo. O governador
de Minas, Aécio Neves (MG), disse que, em nome da harmonia administrativa, os governadores não
podem fechar os canais com o governo. Mas isso não o impede de
criticar o que chamou de "a mais
perversa concentração de renda
nas mãos da União de toda a nossa história republicana".
"E o governo reforçou essa concentração", endossou o governador do Ceará, Lúcio Alcântara.
Os tucanos protestaram contra
a retenção de 10% da cota de educação destinada aos Estados e se
dizem apreensivos quanto ao anteprojeto de nova Política Nacional de Saneamento. Segundo
Alckmin, causará "prejuízos irreparáveis à universalização dos
serviços de saneamento".
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