São Paulo, quarta-feira, 03 de agosto de 2005

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Viagem discutiu Telemig, diz Valério

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Após seis horas e meia de depoimento a procuradores da República, o publicitário Marcos Valério de Souza descartou a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter conhecimento de empréstimos de suas empresas ao PT e disse que viajou a Portugal em janeiro apenas para tratar de interesses da DNA Propaganda.
"Acredito que ele [Lula] não teve nenhum conhecimento desses empréstimos. Não conversei com o presidente."
Segundo o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), Valério e o ex-tesoureiro do PTB Emerson Palmieri foram a Lisboa para negociar operações que permitiriam quitar dívidas de campanha de candidatos petebistas.
O publicitário deu uma versão diferente. Afirmou que o motivo da viagem foi conversar com dirigentes da Portugal Telecom sobre a venda da Telemig, empresa cuja conta publicitária pertencia à DNA. Palmieri o teria acompanhado apenas por ser amigo e porque estava "estressado".
Valério afirmou que apresentou novos documentos aos procuradores, entre os quais a lista com os 31 nomes que teriam recebido dinheiro de suas empresas.
Ele entregou o passaporte na tentativa de reduzir o risco de decretação de sua prisão preventiva. Valério foi ouvido pelos três procuradores que auxiliam o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, na investigação do suposto "mensalão".
Segundo o Ministério Público, o publicitário insistiu no acordo de colaboração pelo qual ele revelaria novos fatos em troca de benefícios. O procurador-geral já indicou que não quer esse acordo nesta fase da investigação.
Em entrevista, Valério disse ter tido dois encontros com José Dirceu (PT-SP) no gabinete que ele ocupava quando ministro da Casa Civil. Um deles teria sido para levar a diretoria do banco BMG e informar sobre a inauguração de uma fábrica em Luziânia (GO). O outro, para apresentar um projeto de mineração financiado pelo Banco Rural na Amazônia.
Segundo o empresário, os R$ 6 milhões depositados na conta da Guaranhuns, apontada pela CPI como empresa fantasma, foram autorizados pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Sobre a Bônus-Bonval, que tem dois funcionários entre os sacadores, também responsabilizou Delúbio. Disse que a empresa intermediava pagamentos de outras pessoas, nem sempre do PT. (SILVANA DE FREITAS E LUIZ FRANCISCO)

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