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Viagem discutiu Telemig, diz Valério
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Após seis horas e meia de depoimento a procuradores da República, o publicitário Marcos Valério de Souza descartou a possibilidade de o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva ter conhecimento de
empréstimos de suas empresas ao
PT e disse que viajou a Portugal
em janeiro apenas para tratar de
interesses da DNA Propaganda.
"Acredito que ele [Lula] não teve nenhum conhecimento desses
empréstimos. Não conversei com
o presidente."
Segundo o deputado Roberto
Jefferson (PTB-RJ), Valério e o ex-tesoureiro do PTB Emerson Palmieri foram a Lisboa para negociar operações que permitiriam
quitar dívidas de campanha de
candidatos petebistas.
O publicitário deu uma versão
diferente. Afirmou que o motivo
da viagem foi conversar com dirigentes da Portugal Telecom sobre
a venda da Telemig, empresa cuja
conta publicitária pertencia à
DNA. Palmieri o teria acompanhado apenas por ser amigo e
porque estava "estressado".
Valério afirmou que apresentou
novos documentos aos procuradores, entre os quais a lista com os
31 nomes que teriam recebido dinheiro de suas empresas.
Ele entregou o passaporte na
tentativa de reduzir o risco de decretação de sua prisão preventiva.
Valério foi ouvido pelos três procuradores que auxiliam o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, na investigação do suposto "mensalão".
Segundo o Ministério Público, o
publicitário insistiu no acordo de
colaboração pelo qual ele revelaria novos fatos em troca de benefícios. O procurador-geral já indicou que não quer esse acordo nesta fase da investigação.
Em entrevista, Valério disse ter
tido dois encontros com José Dirceu (PT-SP) no gabinete que ele
ocupava quando ministro da Casa Civil. Um deles teria sido para
levar a diretoria do banco BMG e
informar sobre a inauguração de
uma fábrica em Luziânia (GO). O
outro, para apresentar um projeto
de mineração financiado pelo
Banco Rural na Amazônia.
Segundo o empresário, os R$ 6
milhões depositados na conta da
Guaranhuns, apontada pela CPI
como empresa fantasma, foram
autorizados pelo ex-tesoureiro do
PT Delúbio Soares. Sobre a Bônus-Bonval, que tem dois funcionários entre os sacadores, também responsabilizou Delúbio.
Disse que a empresa intermediava pagamentos de outras pessoas,
nem sempre do PT.
(SILVANA DE FREITAS E LUIZ FRANCISCO)
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