São Paulo, quarta-feira, 03 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A LISTA DE VALÉRIO

Trata-se do segundo maior destinatário, no PT, das verbas repassadas pelo publicitário

Presidente da Casa da Moeda recebeu R$ 2,7 mi de Valério

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Casa da Moeda, Manoel Severino do Santos, foi o segundo maior destinatário, dentro do PT, das verbas repassadas pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Segundo a listagem que o empresário entregou à Polícia Federal, anteontem, foram repassados a Santos R$ 2,676 milhões, entre agosto de 2003 e julho de 2004.
A Casa da Moeda é uma autarquia subordinada ao Ministério da Fazenda. Até ontem à noite, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, não tinha tomado conhecimento do caso, segundo informação de sua assessoria.
Ex-secretário Extraordinário de Articulação Governamental no governo de Benedita da Silva (2002), Manoel Severino manteve-se incomunicável, ontem, em relação à informação prestada por Marcos Valério. Não foi à Casa da Moeda e desligou seus telefones celulares.
O presidente regional do PT, Gilberto Palmares, disse que o Diretório Estadual não recebeu dinheiro oriundo das empresas de Marcos Valério. ""Nem R$ 2,6 milhões nem R$ 10", declarou.
Palmares disse que os principais gastos das campanhas do partido no Estado, em 2004, como a contratação do publicitário Nizan Guanaes para a campanha de Jorge Bittar a prefeito do Rio, foram assumidos pelo Diretório Nacional do PT, e que as dívidas a cargo do diretório regional na campanha somam cerca de R$ 150 mil.
O nome do presidente da Casa da Moeda começou a ser vinculado ao do empresário Marcos Valério a partir da agenda da secretária Fernanda Karina Somaggio, que registrou encontros dele com o publicitário.

Agenda
Quando a agenda veio a público, o dirigente da estatal admitiu que teve sete encontros com Marcos Valério desde 2003, mas negou envolvimento com o esquema do suposto ""mensalão".
Manoel Severino é ligado aos ex-dirigentes do PT afastados em razão da crise, como o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário de Comunicação Marcelo Sereno, a quem é atribuída sua indicação para a Casa da Moeda.
De acordo com a lista entregue por Valério à Polícia Federal, Manoel Severino seria o responsável, dentro do PT, pelo saque de R$ 326,6 mil feito pelo mensageiro da Previ (Caixa de Previdência dos Empregados do Banco do Brasil) Luiz Eduardo Ferreira da Silva.
O saque efetuado pelo mensageiro foi revelado pela Folha, no dia 14 de julho.
A primeira reação do mensageiro foi negar a retirada do dinheiro, mas, no dia seguinte, admitiu o fato e disse que fez a retirada a pedido do então diretor de Marketing do Banco do Brasil e presidente do Conselho Deliberativo da Previ, Henrique Pizzolato.
Pizzolato (que pediu demissão do banco e do fundo de pensão) disse, na época, que havia prestado um favor a um amigo que lhe pedira para retirar uma encomenda no Banco Rural, no Rio de Janeiro, sem informar o conteúdo dos pacotes. Mesmo sentindo-se ""vítima na história", Pizzolato não revelou o nome da pessoa a quem se destinava o dinheiro.

Campanha de Benedita
A ex-governadora Benedita da Silva tentou reeleger-se para o cargo em 2002, mas não conseguiu chegar ao segundo turno.
Os empréstimos contraídos por Marcos Valério nos bancos BMG e Rural -a pedido do PT, segundo ele afirma- foram usados para saldar dívidas deixadas pela campanha de Benedita e para financiar candidatos no Estado nas eleições de 2004.
Carlos Roberto Macedo Chaves, ex-sub-secretário de Fazenda do município de Mesquita (Baixada Fluminense), disse em entrevista à Folha que foi um dos coordenadores da campanha de 2002 da então candidata Benedita juntamente com Manoel Severino.


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