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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/A LISTA DE VALÉRIO
Trata-se do segundo maior destinatário, no PT, das verbas repassadas pelo publicitário
Presidente da Casa da Moeda recebeu R$ 2,7 mi de Valério
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Casa da Moeda,
Manoel Severino do Santos, foi o
segundo maior destinatário, dentro do PT, das verbas repassadas
pelo empresário Marcos Valério
Fernandes de Souza. Segundo a
listagem que o empresário entregou à Polícia Federal, anteontem,
foram repassados a Santos R$
2,676 milhões, entre agosto de
2003 e julho de 2004.
A Casa da Moeda é uma autarquia subordinada ao Ministério
da Fazenda. Até ontem à noite, o
ministro da Fazenda, Antonio Palocci, não tinha tomado conhecimento do caso, segundo informação de sua assessoria.
Ex-secretário Extraordinário de
Articulação Governamental no
governo de Benedita da Silva
(2002), Manoel Severino manteve-se incomunicável, ontem, em
relação à informação prestada
por Marcos Valério. Não foi à Casa da Moeda e desligou seus telefones celulares.
O presidente regional do PT,
Gilberto Palmares, disse que o Diretório Estadual não recebeu dinheiro oriundo das empresas de
Marcos Valério. ""Nem R$ 2,6 milhões nem R$ 10", declarou.
Palmares disse que os principais
gastos das campanhas do partido
no Estado, em 2004, como a contratação do publicitário Nizan
Guanaes para a campanha de Jorge Bittar a prefeito do Rio, foram
assumidos pelo Diretório Nacional do PT, e que as dívidas a cargo
do diretório regional na campanha somam cerca de R$ 150 mil.
O nome do presidente da Casa
da Moeda começou a ser vinculado ao do empresário Marcos Valério a partir da agenda da secretária Fernanda Karina Somaggio,
que registrou encontros dele com
o publicitário.
Agenda
Quando a agenda veio a público, o dirigente da estatal admitiu
que teve sete encontros com Marcos Valério desde 2003, mas negou envolvimento com o esquema do suposto ""mensalão".
Manoel Severino é ligado aos
ex-dirigentes do PT afastados em
razão da crise, como o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário de Comunicação Marcelo
Sereno, a quem é atribuída sua indicação para a Casa da Moeda.
De acordo com a lista entregue
por Valério à Polícia Federal, Manoel Severino seria o responsável,
dentro do PT, pelo saque de R$
326,6 mil feito pelo mensageiro da
Previ (Caixa de Previdência dos
Empregados do Banco do Brasil)
Luiz Eduardo Ferreira da Silva.
O saque efetuado pelo mensageiro foi revelado pela Folha, no
dia 14 de julho.
A primeira reação do mensageiro foi negar a retirada do dinheiro, mas, no dia seguinte, admitiu
o fato e disse que fez a retirada a
pedido do então diretor de Marketing do Banco do Brasil e presidente do Conselho Deliberativo
da Previ, Henrique Pizzolato.
Pizzolato (que pediu demissão
do banco e do fundo de pensão)
disse, na época, que havia prestado um favor a um amigo que lhe
pedira para retirar uma encomenda no Banco Rural, no Rio de
Janeiro, sem informar o conteúdo
dos pacotes. Mesmo sentindo-se
""vítima na história", Pizzolato
não revelou o nome da pessoa a
quem se destinava o dinheiro.
Campanha de Benedita
A ex-governadora Benedita da
Silva tentou reeleger-se para o
cargo em 2002, mas não conseguiu chegar ao segundo turno.
Os empréstimos contraídos por
Marcos Valério nos bancos BMG
e Rural -a pedido do PT, segundo ele afirma- foram usados para saldar dívidas deixadas pela
campanha de Benedita e para financiar candidatos no Estado nas
eleições de 2004.
Carlos Roberto Macedo Chaves,
ex-sub-secretário de Fazenda do
município de Mesquita (Baixada
Fluminense), disse em entrevista
à Folha que foi um dos coordenadores da campanha de 2002 da
então candidata Benedita juntamente com Manoel Severino.
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