São Paulo, quarta-feira, 03 de agosto de 2005

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Dono de firma que passou R$ 6 mi de Valério ao PL quer "contar o que sabe"

CATIA SEABRA
FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Dono da Guaranhuns Empreendimentos, o operador José Carlos Batista estuda a possibilidade de contar o que sabe em troca de redução ou extinção de pena. A Guaranhuns foi destinatária de pelo menos R$ 6,3 milhões saídos das contas do empresário Marcos Valério de Souza.
Segundo Ricardo Sayeg, advogado de Batista, "uma das hipóteses é a delação premiada", artifício legal que assegura benefícios a quem colaborar com a Justiça.
Numa lista apresentada por Valério à Polícia Federal, a Guaranhuns aparece como beneficiária de R$ 6.364.160,67, dos quais mais de R$ 6 milhões repassados ao ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas. Outros R$ 326,6 mil teriam sido endereçados ao ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato.
Ontem, Batista não quis confirmar as operações, nem se conhece os beneficiados. Por orientação do advogado, Batista, que abriu uma conta em 2003 para operações de Valério, limitou-se a repetir: "Sou um operador de mercado. Operei para Marcos Valério. Já solicitei extratos da conta. Chegam, no máximo, em 15 dias".
No sábado, em sua primeira aparição desde a explosão do caso, Batista disse à Folha que voltaria à "vida normal". Ontem, admitiu que não é tão fácil assim. "Estou refletindo sobre tudo. Isso não é normal. Não faço nada por enquanto. Estou em casa".
Ontem, os dois endereços já declarados como sede da empresa - incluindo um escritório na Avenida Paulista - continuavam vazios. Segundo registro Civil, Batista é presidente da Esfort Trading S/A, com sede no Uruguai e com 99% da Guaranhuns;
No caso da delação, apenas o juiz pode decidir pela relevância da colaboração e conceder os benefícios negociados com o MP.
Também apontada como intermediária de repasses a indicados pelo PT, a corretora Bonus-Banval informou que não vai se manifestar antes do depoimento de seus sócios e funcionários à PF.
O advogado da empresa, Antônio Sérgio Pitombo, foi ontem à Brasília acertar o depoimento de Enivaldo Quadrado, um dos donos da Bonus-Banval.
Benoni Nascimento de Moura e Luiz Carlos Mazano, funcionários da corretora que aparecem entre os beneficiários, depõem hoje à tarde. Moura sacou R$ 255 mil de uma conta da DNA. Já Mazano -ou um homônimo dele, na versão da Bonus-Banval- retirou R$ 50 mil de uma conta da SMPB.


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