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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CONEXÃO MINEIRA
Tucano diz que assessor apoiou candidatos a deputado e, para tal, buscou recursos na SMPB
Azeredo admite à CPI caixa dois, mas culpa tesoureiro
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em uma atitude ensaiada, o presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), compareceu
ontem espontaneamente à CPI
dos Correios e admitiu a existência de caixa dois em sua campanha à reeleição ao governo de Minas Gerais, em 1998, mas jogou a
responsabilidade para o tesoureiro Cláudio Mourão da Silveira. As
fontes dos recursos seriam empresas de Marcos Valério.
Azeredo negou ainda que seu
governo tenha avalizado empréstimo tomado pela DNA no Banco
Rural nesse mesmo ano e considerou uma "ilação" a afirmativa
de que essa operação serviu para
financiar candidatos a deputado
de sua coligação.
Segundo o tucano, o tesoureiro
de sua campanha à reeleição tomou, por iniciativa própria, "decisões estratégicas", como a de
apoiar candidatos a deputado,
com o objetivo de fortalecer a
campanha majoritária. Por causa
desses apoios, Mourão teria pedido ajuda à SMPB. "Entendendo
que as referidas campanhas fossem fazer as respectivas prestações de conta, ele não as incluiu
na prestação da campanha majoritária", disse Azeredo.
O senador levou à CPI uma correspondência de Mourão, escrita
de próprio punho, em que ele faz
esse relato. Azeredo garantiu que
nada sabia. "Quero reafirmar
também que não participei de nenhuma decisão de quem quer que
fosse no sentido de listar nomes
que deveriam receber doações."
O tucano não comentou declaração de seu ex-tesoureiro, em
uma ação judicial, de que a campanha custou R$ 20 milhões, e
não os R$ 8,5 milhões declarados
ao Tribunal Regional Eleitoral.
Para o senador, há uma tentativa do governo de desviar o foco
das investigações. "Não aceito
que se cometa contra mim e o
meu partido a tentativa proposital
e calculada de confundir e misturar acusações sobre gastos de
campanha com graves denúncias
de corrupção sistêmica", disse ele,
em referência ao "mensalão".
Azeredo apresentou à CPI cópia
do contrato de empréstimo firmado entre a DNA e o Rural, no
valor de R$ 9 milhões, para mostrar que sua administração não
avalizou a operação. A garantia
dada pela empresa, no entanto, é
um contrato de publicidade com
a Secretaria de Estado da Casa Civil e Comunicação Social.
"Só o fato de ele dizer que não é
signatário não esclarece muito. O
depoimento dele foi insuficiente e
incompleto", disse o deputado
Maurício Rands (PT-PE).
Convocação
A insistência dos petistas em
convocar Azeredo mesmo depois
de sua explicação paralisou os trabalhos da CPI durante cerca de
quatro horas. A estratégia dos tucanos era evitar o desgaste de uma
convocação com a apresentação
espontânea do senador.
A sessão foi suspensa na tentativa de chegar a um acordo. Em retaliação, integrantes do PSDB
ameaçavam convocar os presidentes dos diretórios estaduais do
PT que teriam recebido dinheiro
das empresas de Marcos Valério.
A presença de Azeredo havia sido combinada com o presidente
da CPI, senador Delcídio Amaral
(PT-MS), na semana passada. O
tucano pediu a palavra imediatamente após a abertura da sessão.
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